Durante um comunicado feito nesta terça-feira, 1º, o ministro da Economia, Paulo Guedes, se posicionou a favor da promoção de medidas auxiliares relacionadas ao Programa de Financiamento Estudantil (Fies). A proposta é a de criação de “vouchers” disponibilizados aos estudantes de baixa renda que desejam ingressar em instituições de ensino superior privadas.
Se aprovada, a medida seria capaz de reduzir o uso do Fies, que tem liberado financiamento excessivos na opinião do ministro. Isso porque, Paulo Guedes está preocupado quanto à capacidade financeira dos estudantes em arcarem com a dívida do Fies diante das dificuldades impostas pela pandemia da Covid-19.
“O jovem que está começando a sua vida, consegue pegar um empréstimo no Fies e aí quando ele vai entrar no mercado de trabalho tem uma pandemia desta derruba o PIB, derruba o emprego, não tem criação de emprego. […] Como esperar que um jovem que se endividou, que agora vem pro mercado de trabalho e não encontra emprego, como ele vai pagar essa dívida?”, questionou o ministro.
Guedes reforçou que a proposta não visa pôr fim ao Fies, mas sim, distinguir regras de acordo com as condições de cada público. Desta forma, os jovens de famílias em situação de vulnerabilidade social teriam um amparo estudantil sem ingressar no mercado de trabalho endividados.
Em contrapartida, a sugestão do ministro foi criticada por alguns deputados, como Reginaldo Lopes (PT-MG). O parlamentar alega que o Fies foi responsável pela inclusão de, aproximadamente, três milhões de jovens nas universidades brasileiras, “inclusive o filho do porteiro”.
A expressão foi usada em alusão à declaração do ministro de que o Fies concedeu bolsas em excesso, até mesmo para o “filho do porteiro que zerou o vestibular”.
Embora o representante da pasta econômica tenha reforçado que tal fala foi colocada fora de contexto, ele reforça o posicionamento quanto à liberação extraordinária de financiamentos estudantis.
Ele ainda declarou que a alternativa do “voucher” seria capaz de oferecer um alívio tributário para estes jovens que já possuem dívidas junto ao Fies.
“O Fundeb e o Fies foram duas iniciativas que são em si meritórias, mas houve excessos e toda vez que você comete um excesso você tem que corrigir lá na frente sob pena de a coisa ficar inviável”, declarou Guedes.
Após ser questionado por alguns deputados durante uma audiência pública junto à comissão de Educação da Câmara dos Deputados realizada ontem, 1º, Paulo Guedes concluiu os debates sobre o tema declarando acreditar que o Fies deveria se restringir às famílias de classe média.
Para ele, somente assim haveria a garantia de que os contratantes teriam condições de pagar o financiamento no futuro, mesmo que o jovem não consiga um posto no mercado de trabalho.