Mesa dos brasileiros: Carne bovina é substituída por ovo e frango; mas dá para pagar?

Pontos-chave
  • Brasileiros deixam de consumir carne bovina por falta de orçamento;
  • Presidente da república esbanja picanha de R$ 1799;
  • Ovo e frango são alternativas para garantir a nutrição familiar.

Planejamento financeiro SIMPLES e FÁCIL para quem ganha salário mínimo

Brasileiros precisam readaptar sua lista de feira para garantir o alimento na mesa. Além de deixar mais de 400 mil vítimas, o novo coronavírus segue gerando fortes impactos na economia nacional. De acordo com o IBGE o preço da carne bovina subiu em mais de 35%, fazendo com que a população passe a consumir mais frango e ovo.

Mesa dos brasileiros: Carne bovina é substituída por ovo e frango; mas dá para pagar? (Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Mesa dos brasileiros: Carne bovina é substituída por ovo e frango; mas dá para pagar? (Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Não bastasse lidar com uma das maiores crises sanitárias da história, a população brasileira vem encontrando fortes dificuldades para manter as contas em dia.

Com a inflação em alta, o simples ato de fazer feira está sendo motivo de enormes dores de cabeça. Entre os produtos mais caros está a carne bovina, cada vez menos consumida pela população.

Análise do IBGE

Os levantamentos do IBGE mostram que a evolução no preço da carne bovina tem sido constante durante os últimos 12 meses. O produto está 35% mais caro do que o valor aplicado entre janeiro de 2020 e tende a ter reajustes ainda maiores.

O estudo revela que diante da impossibilidade de comprar carne, a produção e consumo de frangos e ovos registraram a maior alta desde 1986, de acordo com os dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Outra forma de substituição adotada pelo povo tem sido o consumo da carne suína, conhecida popularmente por seu menor custo. Em 2020 ela passou a ser 7% mais consumida, apresentando também uma alta em seu preço que variou de R$ 39,72 para R$ 75 em 12 meses.

— Conseguimos aumentar em 5,5% o mercado de suínos, 6,5% o de frango e 9,1% o de ovos em 2020 — diz Ricardo Santin, presidente da ABPA.

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Salário mínimo insuficiente

Diante da inflação, a população se queixa sob as correções do salário mínimo. Porteiro, Almir Costa, de 48 anos, afirma que precisou modificar seu cotidiano, alegando que a nutrição da sua família tem sido feita basicamente por ovos.

Ele explica que semanalmente são consumidos 30 ovos por semana, mas anteriormente era uma dúzia.

— Carne hoje virou artigo de luxo. Na minha casa estamos comprando muito mais ovo, frango e linguiça. O ovo acaba sendo mais prático de preparar e exige menos ingredientes do que a carne. Mas ela faz falta no prato. O dia que o preço diminuir de novo, o consumo volta.

É importante ressaltar que atualmente o salário mínimo está em R$ 1.045. O valor, segundo os estudos feitos pela Dieese que leva em consideração justamente a inflação em vigor, é 5 vezes menor do que o necessário para sustentar uma família de 4 pessoas.

Além de manter o alimento na mesa, o brasileiro com o salário mínimo na conta precisa ainda administrar cobranças de luz, água e energia que seguem em alta. Há ainda taxações tributárias como IPTU e IPVA, plano de saúde, mensalidade escolar, entre outros gastos considerados essenciais.

Mesa dos brasileiros: Carne bovina é substituída por ovo e frango; mas dá para pagar? (Imagem: Reprodução/Agência Brasil)
Mesa dos brasileiros: Carne bovina é substituída por ovo e frango; mas dá para pagar? (Imagem: Reprodução/Agência Brasil)

Contradição por parte da gestão pública

Enquanto para muitos a situação é de extremo aperto, o presidente da república, Jair Bolsonaro, se mostra distante dessa realidade. No último domingo (09), data de celebração de dia das mães, ele virou alvo de críticas por exibir seu almoço familiar, onde a picanha consumida tinha um preço de R$ 1.799 o quilo.

O assunto virou manchete nos principais portais de notícia do país, também estando entre os mais mencionados nas redes sociais. Por unanimidade a população questionar o gestor sobre a situação de pobreza e extrema pobreza vivenciada no Brasil.

Para muitos, a publicização da picanha, comercializada em um frigorifico de Goiás, foi vista como uma afronta e descaso para com a população. Ao mesmo tempo em que corta os orçamentos das universidades federais, congela a aquisição de novas vacinas e reduz o valor do auxílio emergencial, Bolsonaro esbanja sua ótima alimentação.

Estimativa econômica

Para quem não tem milhões em conta, especialistas recomendam a substituição de fato dos alimentos. Presidente da Bolsa de Gêneros Alimentícios do Estado do Rio de Janeiro (BGA-RJ), Humberto Margon, explica que não há previsão para o preço da carne bovina baixa, o que significa que a alimentação com base em ovos deverá perdurar no Brasil.

A opção é sempre o que estiver com preço mais baixo. A carne bovina ainda está impeditiva em meio ao desemprego e deve seguir sem alívio com a demanda internacional alta e o preço do boi elevado — diz Margon.

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Eduarda AndradeEduarda Andrade
Mestre em ciências da linguagem pela Universidade Católica de Pernambuco, formada em Jornalismo na mesma instituição. Atualmente se divide entre a edição do Portal FDR e a sala de aula. - Como jornalista, trabalha com foco na produção e edição de notícias relacionadas às políticas públicas sociais. Começou no FDR há três anos, ainda durante a graduação, no papel de redatora. Com o passar dos anos, foi se qualificando de modo que chegasse à edição. Atualmente é também responsável pela produção de entrevistas exclusivas que objetivam esclarecer dúvidas sobre direitos e benefícios do povo brasileiro. - Além do FDR, já trabalhou como coordenadora em assessoria de comunicação e também como assessora. Na sua cartela de clientes estavam marcas como o Grupo Pão de Açúcar, Assaí, Heineken, Colégio Motivo, shoppings da Região Metropolitana do Recife, entre outros. Possuí experiência em assessoria pública, sendo estagiária da Agência de Desenvolvimento Econômico do Estado de Pernambuco durante um ano. Foi repórter do jornal Diário de Pernambuco e passou por demais estágios trabalhando com redes sociais, cobertura de eventos e mais. - Na universidade, desenvolve pesquisas conectadas às temáticas sociais. No mestrado, trabalhou com a Análise Crítica do Discurso observando o funcionamento do parque urbano tecnológico Porto Digital enquanto uma política pública social no Bairro do Recife (PE). Atualmente compõe o corpo docente da Faculdade Santa Helena e dedica-se aos estudos da ACD juntamente com o grupo Center Of Discourse, fundado pelo professor Teun Van Dijk.
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