O que o Brasil ganha com a compra de vacinas por empresas privadas?

Nesta quarta-feira (7), a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei que permite que a iniciativa privada compre vacina contra a covid-19 para imunizar os próprios funcionários. Entenda os possíveis desdobramentos da compra de vacinas por empresas privadas.

O que o Brasil ganha com a compra de vacinas por empresas privadas?
O que o Brasil ganha com a compra de vacinas por empresas privadas? (Imagem: Steven Cornfield/Unsplash)

Esta aprovação prevê a retirada a exigência das empresas em começar a vacinação nos funcionários somente após a imunização dos grupos prioritários pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

O projeto permite que as empresas possam comprar a vacina sem a obrigatoriedade de doação total das doses ao SUS. A aquisição pode acontecer mesmo sem o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O texto indica a possibilidade de compra com aval de uso concedido por qualquer autoridade sanitária estrangeira que seja reconhecida e certificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O projeto seguirá para votação no Senado.

Para o grupo empresários que buscam mudanças na lei, o texto proporciona a vantagem de permitir a imunização dos funcionários. O argumento deste grupo é que a aquisição pela iniciativa privada resulte na aceleração e vacinação em massa. Como resultado, haveria a retomada da economia.

Mesmo com as indicações do projeto, a aquisição do imunizante pela iniciativa privada passa por duas dificuldades. Os problemas seriam a falta de acordos entre empresas e fabricantes; e a falta de vacinas.

Nenhuma das quatro fabricantes de vacinas contra a covid-19 aprovadas no Brasil — instituto Butantan, Pfizer, AstraZeneca e Janssen — devem negociar a venda dos imunizantes para as empresas privadas. Estas fabricantes não projetam realizar acordo além do firmado com o Ministério da Saúde.

Entidade se posiciona contra a compra de vacinas por empresas privadas

Por outro lado, o projeto pode criar desigualdade na compra das vacinas e atrasar ainda mais o Programa Nacional de Imunização, de acordo com o médico e presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Juarez Cunha, ao Uol.

Ele afirma que o problema é a falta do imunizante no mercado. Esta dificuldade pode causar uma competição pela compra. Apesar dessa possibilidade, o médico acredita que os laboratórios dificilmente venderão as doses de vacinas para empresas privadas antes de oferecer aos programas nacionais de imunização.

Silvio SuehiroSilvio Suehiro
Silvio Suehiro possui formação em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). Atualmente, dedica-se à produção de textos para as áreas de economia, finanças e investimentos.