Governo federal anuncia desenvolvimento nas contratações pelo regime CLT. Na última semana, a equipe econômica passou a celebrar em suas redes sociais. Aparentemente, o Brasil teria batido um recorde na criação de empregos de carteira assinada, sendo o maior histórico desde 1992. A informação, no entanto, deve ser diferenciada entre o sistema de formalização do trabalho.

Enquanto o país vive uma das maiores crises econômicas e sanitárias de sua história, o governo federal celebra o avanço na redução do desemprego. De acordo com o relatório não publicado, o mercado nacional teria tido o maior índice de contratação desde 1992.
O levantamento, no entanto, não leva em consideração as alterações no método de coleta dos dados.
Atualmente, o governo faz as contas através do Novo Caged, onde há uma inclusão maior das categorias de trabalho que não necessariamente estão dentro das modalidades formais da CLT. Pequenos empreendedores, estagiários, autônomos, empregadas domésticas, entre outros, passam a ser contabilizados.
Isso significa que o número de evolução no mercado de trabalho não é exato, ou seja, não pode ser real. Tendo em vista que o país vivencia um fluxo continuo de fechamento das empresas e decretos de falência como um dos efeitos da covid-19.
Análise de especialistas
José Dari Krein, doutor em economia social e do trabalho pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), explica que o balanço não pode ser levado em consideração.
“Isso que o governo está anunciando não tem nenhuma consistência. Não estou colocando sob suspeição a equipe técnica. O problema é muito mais político: o governo e o ministro querem usar dados positivos sem ressalvar as mudanças ocorridas,” afirmou.
Ele explica ainda que nos últimos dados do mercado formal, pode haver indícios positivistas, mas que isso não significa melhoria para a população. O economista relembra que com a adoção do BEm, o governo vem permitindo com que os trabalhadores mantenham seus contratos fora das normas das leis do trabalho.
Resposta do ministério da economia
Em suas redes sociais, a equipe econômica permanece celebrando o relatório e garantindo que “as mudanças metodológicas não impedem dizer que um mês foi o melhor ou o pior de todas as séries históricas, desde que sejam feitas as ressalvas metodológicas, como sempre fizemos e como sempre a imprensa questionou e escreveu“.