Como alta da SELIC muda investimentos? Veja como ganhar mais dinheiro

Pontos-chave
  • Alta da Selic para 2,75% aponta para possível retomada dos investimentos;
  • Selic não deve causar uma correria de investidores retornando para a renda fixa;
  • Investimentos em renda fixa não devem trazer grandes ganhos.

Na última quarta, 17, de acordo com as previsões do mercado, o Banco Central anunciou a elevação da taxa básica de juros da economia, a Selic, que estava em 2% ao ano desde agosto de 2020. O crescimento para 2,75% não deve causar mudanças significativas neste primeiro momento, porém aponta para uma possível reconfiguração dos investimentos no país, em termos de rentabilidade.

Como alta da SELIC muda investimentos? Veja como ganhar mais dinheiro

Mas, este momento exige calma e cautela, segundo os especialistas. Em decorrência da queda vertiginosa nos juros, em especial por conta da pandemia, os ativos de renda fixa foram impactados fortemente, já que muitos desses títulos usam a Selic como um balizador para devolver os ganhos dos recursos aplicados. 

Em diversas situações, o retorno real está negativo, quando descontada a inflação, que não para de subir. O cenário atual é bem diferente do que se via anos atrás, quando os juros básicos no país eram de duas casas decimais – 14,25% até outubro de 2016.

Outro motivo que levou a queda na taxa Selic foi o grande aumento de pessoas físicas no mundo dos investimentos, atingindo a base de 3,261 milhões de CPFs no final do ano passado. Em comparação com o mesmo mês de 2019, a quantidade era de 1,690 milhão de pessoas.

Retorno em investimentos de renda fixa?

Os especialistas acreditam que a alta na taxa Selic não deve causar uma correria de investidores retornando para a renda fixa. Pois, muitos títulos desta categoria de investimentos já contavam com taxas que já continham a expectativa de crescimento dos juros básicos.

“O aumento, dentro do esperado, vai sinalizar para o mercado uma melhora de percepção de controle da inflação, crescimento econômico e diminuição do risco fiscal. Isso para a bolsa é bom. “Essa correção de juros em alta e bolsa para baixo não é tão direta como parece”, diz André Querne, sócio da Rio Gestão de Recursos.

O entusiasmo com uma possível boa recepção do mercado deve se confirmar também com as estimativas para a taxa Selic durante este ano.

O último boletim Focus divulgado na segunda, 15, mostrou que a taxa básica de juros no país aguardada para o final deste ano, subiu de 4% para 4,5%. Já para o fim do ano que vem, a expectativa dos economistas continuou em 5,5%.

“Dependendo do que o BC coloque na ata, de acelerar isso até o final do ano, pode ter uma expectativa do real se valorizando em relação ao câmbio [dólar], por exemplo. E a taxa de juros de longo prazo, que indica melhor o risco do País e que está hoje entre 7% e 8%, vai diminuir”, acrescenta Querne.

Banco Inter prevê valor maior para taxa Selic em 2021
Taxa Selic (Imagem: Lukas/Pexels)

Quais os melhores investimentos baseados na Selic?

Na categoria renda fixa, os investidores não devem esperar obter grandes ganhos, já que a alta na Selic, não é o bastante para compensar a inflação. 

Sendo assim, os títulos como Tesouro Selic ou CDBs (Certificados de Depósito Bancário), que possuem liquidez diária, devem continuar com ganho real negativo. 

“Neste momento macroeconômico global de recuperação econômica, de muito estímulo monetário e fiscal, devemos pensar em preservação de capital. E só tem um título para isso, que é o pós-fixado”, diz a sócia-fundadora da Nord Research e colunista do E-Investidor, Marilia Fontes.

Marília, que é especialista em renda fixa, afirma que mesmo no curtíssimo prazo onde os pós-fixados tragam retorno real negativo, o começo do ciclo de alta da taxa Selic aponta que é melhor evitar os títulos pré-fixados e os indexados à inflação.

“Se as taxas desses títulos longos subirem, você perde toda a diferença entre a nova taxa e a anterior, através da marcação a mercado. Então pode haver prejuízo. Se você já ganhou muito dinheiro até aqui, por que se submeter a um prejuízo agora? Por que não simplesmente vender e alocar em um pós-fixado?”, questiona a especialista.

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Paulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.