Mudanças no cenário financeiro e político do país. Nessa quarta-feira (24), o presidente Jair Bolsonaro aprovou o projeto que dá total autonomia ao Banco Central. A proposta já tinha sido validada no Congresso desde o começo do mês, sendo finalizada por Bolsonaro após questionamentos sobre sua interferência na Petrobras.
Dar autonomia ao Banco Central significa que a instituição poderá ficar responsável pela gestão de suas cadeiras e demais relacionamentos políticos e administrativos, sem que as decisões sejam de total responsabilidade do presidente Jair Bolsonaro. Ou seja, isenta o gestor de acusações quanto aos seus interesses pessoais.
Durante a cerimônia de sanção que contou com a participação do presidente e demais representantes políticos, o chefe do Banco Central, Campos Neto, agradeceu ao governo pela oportunidade, deixando claro o interesse de permanecer trabalhando junto a equipe federal.
— A autonomia não significa a liberdade total e sim um reequilíbrio de força, isso nos coloca em linha com as melhores práticas internacionais e facilita nosso trânsito no mundo inclusive nos ajudando a entrar na OCDE — disse o presidente do BC.
Quais os efeitos da autonomia do Banco Central?
No momento em que Bolsonaro vem sendo acusado de realizar intervenções na Petrobras, a autonomia do BC significa uma proteção para o presidente e para a diretoria da instituição que poderão fazer interferências políticas sem fiscalizações.
Dessa forma, a definição de ocupação de cargos na instituição não poderá ser feita apenas pela vontade própria do presidente da república, sendo necessário um “comprovado e recorrente” desempenho insuficiente do BC, sem a interferência do Senado.
Campos Neto, diante as acusações a Bolsonaro, reforçou que ao longo de todo o seu mantado pode contar com a compreensão do presidente de forma amigável e tranquila.
— Nós devemos dividir o poder, sim. A responsabilidade por muitas vezes é nossa, é exclusiva, é privativa. Mas se nós podemos abrir mão de pessoas que nós confiamos para levar para um outro lado o destino de um país, como o caso da economia, entendo que nós devemos agir dessa maneira.
Já Bolsonaro, ao ser questionado sobre as mudanças na Petrobras, negou o assunto afirmando ser uma pauta já ‘cansada’ na imprensa.
— Eu não interferi, minha querida imprensa. O prazo de validade do Sr. Castello Branco, que fez uma boa gestão na Petrobras, termina agora dia 20. Simplesmente resolvi substituí-lo. Logicamente porque é uma pessoa que está bastante cansada, uma certa idade, e com certeza poderá até ajudar remotamente a transição para o novo presidente da Petrobras.