- Possível volta do auxílio preocupa mercado financeiro;
- Motivo é a falta de uma fonte de recursos para custear o benefício;
- Dólar chegou a bater R$5,4470 nesta terça, 9.
Uma possível volta do auxílio emergencial gerou um descontentamento em parte do mercado financeiro nesta terça, 9. O motivo é falta de uma definição a respeito da fonte de recursos para arcar com esta nova rodada de pagamentos. O dólar, risco-país e juros futuros registraram alta após Jair Bolsonaro afirmar na última segunda (8), que deve prorrogar o auxílio emergencial.
No domingo, 7, a imprensa destacou que o Ministério da Economia estava preparando uma proposta que liberaria três parcelas de R$200, para os trabalhadores informais que não recebem Bolsa Família.
Ontem, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, disse que há muito pouco ou nenhum espaço para o auxílio sem que haja alguma contrapartida em decorrência da deterioração do quadro fiscal do Brasil.
“Dólar e taxas longas de juros ficam pressionados por conta do temor advindo do debate sobre o retorno do auxílio. As contrapartidas desse novo auxílio ainda não foram apresentadas”, explica Simone Passianotto, economista-chefe da Reag Investimentos.
Por outro lado, os líderes das bancadas partidárias no Senado, pressionam para que o retorno do auxílio emergencial não seja atrelado a outras medidas compensatórias de ajuste fiscal.
Rodrigo Pacheco (DEM-MG), o presidente da Casa, disse ontem, que deseja utilizar sua “boa relação” com o presidente Bolsonaro e com a equipe econômica para avançar nas negociações, encaminhando as propostas.
Durante o pregão, o dólar chegou a bater R$5,4470, porém perdeu ganhos após leilão de 20 mil contratos de swap cambial (U$$ 1 bilhão) realizado pelo Banco Central.
Esta foi a maior oferta de liquidez dos últimos nove meses realizada pelo Banco Central, feita em dois leilões. No primeiro, anunciado às 14h11, foram vendidos 14.300 contratos de uma oferta de até 20 mil contratos.
Após isto, as 14h57, o BC anunciou a segunda operação do dia, ofertando os 5.700 contratos restantes, que foram colocados na integra no mercado posteriormente.
Uma oferta líquida de swaps cambiais tradicionais não acontecia desde 11 de janeiro, ocasião em que o BC leiloou 10 mil contratos (US$ 500 milhões).
O primeiro leilão de swap realizado ontem, com lote de 20 mil papéis, foi o maior desde 14 de maio de 2020, quando o BC disponibilizou a mesma quantia de contratos, num cenário em que o mercado ainda tentava se estabilizar após o impacto registado em março decorrente do coronavírus.
Após os leilões, a moeda americana fechou com leve alta de 0,18%, a R$ 5,3820. O turismo está a R$ 5,54.
“Temos uma preocupação muito grande com o teto de gastos e isso pesa no dólar”, declarou Gustavo Bertotti, economista da Messem Investimentos.
O IPCA de janeiro, que veio menor do que o projetado, também contribuiu para estimular compras de dólar, uma vez que contribuía para apostas de que o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) possa não aumentar os juros no curto prazo.
O real, dentre os emergentes, foi a segunda moeda que mais se desvalorizou na sessão, ficando atrás somente do peso colombiano.
O risco-país que é medido pelo CDS de cinco anos subiu 3,94% a 155,94 pontos, após acumular uma queda de 14% na última semana.
O CDS é uma espécie de termômetro informal que aponta a confiança dos investidores em relação a economias, em especial as emergentes.
Se o indicador sobe, é um sinal de que os investidores temem o futuro financeiro do país, já se ele cai, o recado é o contrário: demonstra um aumento da confiança em relação à capacidade de o país quitar suas dívidas.
Juros futuros
Os juros futuros de longo prazo também cresceram. Juros futuros são taxas de juros que o mercado espera para os próximos meses e anos.
Eles são a referência mais importante para o custo de empréstimos que são liberados atualmente, porém cuja quitação acontecerá no futuro.
O juro para janeiro de 2028 foi de 7,265% na véspera para 7,340% nesta terça. A taxa para de janeiro de 2030 foi de 7,656% para 7,73%.