Trabalhadores pedem por plano de saúde e dispensam vale alimentação

Muitos trabalhadores solicitaram plano de saúde e seguro de vida nas negociações com as empresas, dispensando o vale alimentação. Essa mudança, segundo a pesquisa Salariômetro, é por causa da pandemia de Covid-19 e a preocupação com a saúde e com a vida.

Trabalhadores pedem por plano de saúde e dispensam vale alimentação
Trabalhadores pedem por plano de saúde e dispensam vale alimentação (Imagem: Reprodução/Google)

A pesquisa Salariômetro foi realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e analisou os acordos feitos entre trabalhadores e empresas durante o ano passado. Com isso, foi identificada uma mudança nos benefícios negociados durante o contrato.

Os benefícios como seguro de vida, plano de saúde e plano odontológico apareceram mais nas negociações do que frequentemente acontecia.

Por exemplo, o seguro de vida apareceu em 26,6% dos acordos firmados o ano passado, tendo um aumento de 10%.

Porém, esse ainda não foi o beneficio com maior crescimento, já que a inclusão do convênio farmácia teve um aumento de 32,3% nas negociações. Mesmo com esse aumento, esse benefício só aparece em 6,3% dos contratos.

O plano de saúde apareceu em 11,2% dos contratos de emprego em 2020, tendo um crescimento, comparado ao ano anterior, de 11%. Segundo o professor da FEA/USP e coordenador do Salariômetro, Hélio Zylberstajn, essa mudança é reflexo da pandemia e na preocupação com a saúde e com a vida.

Em contrapartida, o vale alimentação perdeu espaço para as novas exigências, tendo uma queda de 42,2% nas negociações. Além disso, a pesquisa mostrou que apenas 21,6% dos contratos realizados em 2020 trataram do assunto.

Além dessa mudança, outro ponto que afetou as contratações foi às dificuldades enfrentadas pelas empresas diante do cenário de pandemia. Muitos empreendimentos estão com problemas para bancar todas as despesas de seus funcionários.

Diante disso, um quarto dos reajustes salariais em 2020 ficou abaixo da inflação. Esse é o reflexo da aceleração da alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e da pandemia e dos seus impactos.

Segundo a pesquisa realizada pela Fipe, 58,5% das negociações do ano passado não tiveram um ganho real, fazendo com que o trabalhador perdesse o poder de compra que é garantido pelo salário mínimo.

No mês de dezembro, 70,2% dos reajustes ficaram abaixo do Índice de Preços, 10,6% conseguiram ter uma negociação com ganho real e 19,1% apenas repuseram a inflação.

Glaucia Alves
Formada em Letras-Inglês pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Atuou na área acadêmica durante 8 anos. Em 2020 começou a trabalhar na equipe do FDR, produzindo conteúdo sobre finanças e carreira, onde já acumula anos de pesquisa e experiência.