Pessoas estão mais endividadas, mas inadimplência caiu; como isso é possível?

Durante o mês dezembro, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) revelou que as famílias brasileiras estão mais endividadas. Segundo a pesquisa, 66,3% dos consumidores estão endividados. Por outro lado, o nível de inadimplência caiu.

Pessoas estão mais endividadas, mas inadimplência caiu; como isso é possível?
Pessoas estão mais endividadas, mas inadimplência caiu; como isso é possível? (Imagem: Rovena Rosa/Agência Brasil)

De acordo com dados foram divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o número de pessoas com dívidas voltou a ter alta em dezembro, após três meses em queda.

Este índice representa um aumento de 0,3 ponto percentual em relação a novembro. Pelo comparativo anual, o indicador apontou uma alta de 0,7 ponto percentual.

Com relação ao corte de renda, as famílias com receitas diferentes apresentaram tendências parecidas de aumento. Para as famílias que recebem até 10 salários mínimos, o percentual teve aumento de 67,7% do total. Já as famílias com renda acima de 10 salários tiveram alta de 60%.

Sobre os tipos de dívida, a quantidade de brasileiros que usam o cartão de crédito voltou a registrar alta — em 79,4% das famílias. Essa foi a maior taxa desde janeiro do ano passado. O cheque especial também esteve entre as principais modalidades de endividamento.

Diminuição da inadimplência

Apesar do aumento no número de endividados no país, a inadimplência teve queda, segundo a pesquisa. As famílias com dívidas ou contas em atraso teve a quarta redução seguida. O índice diminuiu de 25,7%, em novembro, para 25,2% em dezembro.

Na comparação com o mesmo mês de 2019, por outro lado, houve um crescimento de 0,7 ponto percentual. Com relação às famílias que afirmaram não ter condições de pagar as contas ou dívidas em atraso, a pesquisa apontou que houve uma redução, de 11,5% para 11,2%.

Segundo a CNC, o aumento do endividamento tem relação com a recuperação do crédito. Esse resultado foi influenciado pelos juros baixos e estímulos oferecidos durante a pandemia de covid-19.

Para que o risco de inadimplência no sistema financeiro diminua, a entidade aconselha que os bancos aumentem os prazos de pagamentos das dívidas.

Isso se deve porque grande parte do crédito oferecido durante a pandemia foi disponibilizado com carência nas parcelas, e deve começar a vencer no início deste ano.

Silvio SuehiroSilvio Suehiro
Silvio Suehiro possui formação em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). Atualmente, dedica-se à produção de textos para as áreas de economia, finanças e investimentos.