Falta de notificação das empresas atrapalha registro de desempregados no país

O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que mede o emprego com carteira assinada, pode estar sendo afetado pela falta de prestação de informações por parte das empresas ao governo. Essa ação gera uma onda de subnotificação de demissões que atrapalha o levantamento. A conclusão é do economista Daniel Duque, pesquisador da FGV.

Falta de notificação das empresas atrapalha registro de desempregados no país
Falta de notificação das empresas atrapalha registro de desempregados no país (Imagem: Reprodução / Google)

De acordo com Duque, houve uma queda perceptível no número de estabelecimentos relatando movimentações de empregados desde abril deste ano.

Segundo o pesquisador, isso pode ter acontecido pelo fechamento das empresas sem que a ação fosse informada ao governo, de tal forma que não foi possível contabilizar as demissões.

“O saldo do Caged hoje é o maior desde 2011, o que está em total desalinhamento com as outras pesquisas“, explica o economista Daniel Duque.

Ainda de acordo com Duque, a diferença entre o saldo de emprego formal medido pelo Caged e o computado pela Pnad é a maior desde 2012, chegando a 200 mil vagas.

Ele lembra também sobre o o aumento expressivo dos pedidos de seguro desemprego.

“Isso tudo junto forma um conjunto probatório de que estaria havendo subnotificação”, explica. A expectativa é que os dados normalizem até o mês de dezembro.

O que diz o Pnad?

Divulgada no dia 16 deste mês, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Covid mostrou que a taxa de desemprego bateu o recorde no mês de setembro, um total de 14 milhões de pessoas na última semana daquele mês.

De acordo com esses dados, é o maior percentual desde a primeira semana de maio. Excepcionalmente neste ano, a pesquisa mede a interferência da pandemia do novo coronavírus no mercado.

Ainda segundo o Pnad, o “recorde” anterior era de terceira semana de setembro, com taxa de 13,7% de desemprego.

“Embora as informações sobre a desocupação tenham ficado estáveis na comparação semanal, elas sugerem que mais pessoas estejam pressionando o mercado em busca de trabalho, em meio à flexibilização das medidas de distanciamento social e à retomada das atividades econômicas”, explicou Maria Lucia Vieira, coordenadora da pesquisa.

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