O diretor de Fiscalização do Banco Central (BC), Paulo Souza, afirmou que os impactos atuais de inadimplência por conta da crise pandemia devem ser menores que a crise de 2015 e 2016. O pior dos cenários, segundo ele, seria similar ao registrado no primeiro trimestre de 2017. A afirmação ocorreu na divulgação do Relatório de Estabilidade Financeira (REF), nesta quinta-feira (15).
O diretor afirmou que o nível de inadimplência deve ser menor que em 2015 e 2016, quando teve crise financeira. Na ocasião, o índice foi de 4%. Já no cenário do final da pandemia, a perspectiva está em 3%. Ele também ressalta que o sistema financeiro tem realizado provisões para cobrir possíveis perdas.
“Ninguém sabe ainda ao certo como vai ser o fim da atual pandemia, há muita incerteza. Mas pela própria retomada da atividade, o mercado já estima hoje uma queda menor do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020″, alega.
No entanto, caso haja uma crise como a de anos atrás, Souza disse que demoraria de três a quatro anos para o sistema se restabelecer. Por ainda ser um cenário incerto para o futuro, como um possível crescimento dos casos, poderá haver variações.
Entre os motivos citados para o resultado atenuado, mesmo em meio à pandemia, foram a inclusão da repactuação de dívidas e o auxílio emergencial. Dessa forma, as pequenas e médias empresas tiveram melhores condições de lidarem com a crise.
Queda nos lucros
Apesar da perspectiva de crise menor que 2015, os resultados do REF apontaram que os bancos tiveram lucro de 31,9% menor no primeiro semestre de 2020, em comparação ao mesmo período do ano anterior.
O Retorno Sobre Patrimônio Líquido (ROE) das instituições financeiras teve o registro de 11,2% ao ano, em julho deste ano. Em julho de 2019, a taxa era de 17,8%.
Para combater o impacto do Covid-19, os bancos realizaram provisões no valor de R$ 65 bilhões no primeiro semestre do ano. No contraste com o período do ano anterior, houve alta de 80%.
“Estimamos uma redução do lucro entre 30% a 35% neste ano, devido ao aumento de provisões. Deve haver certa retração ainda na rentabilidade dos bancos até o fim deste exercício”, diz.