Coronavírus: Veja como a diferença de renda influencia na mortalidade em Manaus

A pandemia do novo coronavírus criou uma segunda onda de contágio da doença em Manaus. Os dois momentos, porém, atingem públicos diferentes. Pesquisas apontam que tudo tem a ver com as classes sociais que têm sido atingidas. Primeiro, nas classes mais altas. Posteriormente, pelos bairros mais pobres.

Coronavírus: Veja como a diferença de renda influencia na mortalidade em Manaus
Coronavírus: Veja como a diferença de renda influencia na mortalidade em Manaus (Imagem: REUTERS/Dado Ruvic)

Na primeira onda da doença, quase 3 mil pessoas foram mortas após o contágio. Com o passar do pico, as autoridades autorizaram a reabertura da cidade.

Os hospitais começaram a se encher, então, da população mais rica, que não cumpriu o distanciamento social como ainda era preciso, nem possuía anticorpos para estar imunes à doença.

Enquanto em 29 de abril deste ano morriam 63 pessoas por dia em Manaus, atualmente morrem 4. Dados oficiais mostram também que, em 24 de abril, 98 pessoas foram internadas diariamente. Este número passou para 11.

Mas também há a ocupação de leitos em hospitais privados. A proporção da rede privada em 6 de abril era de 55% e chegou a 7% em 18 de junho deste mesmo ano.

Atualmente, está em 41% do total de pessoas internadas com doenças respiratórias.

A imunologista Ester Sabino coordenou um estudo que apontou que 66% dos habitantes de Manaus já haviam sido infectados na primeira onda e que a cidade havia atingido a imunidade de rebanho (quando tanta gente é infectada e fica imune que o número de contágio cai), esse patamar não significa que a pandemia acabou.

Quanto à diferença de classes nas ondas de contágio, o biólogo e professor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Bruce Walker Nelson, tem uma explicação.

“O grupo que tem acesso a hospitais privados galgou menor ‘imunidade parcial’ que a parcela mais pobre, que depende do SUS. Estudos de seroprevalência (proporção da população que já teve contato com o vírus) já feitos em São Paulo e no Maranhão demonstraram que as pessoas com maior renda se protegeram melhor da covid. Portanto esse grupo seria mais vulnerável durante uma segunda onda, ao relaxarem suas medidas de isolamento”, disse.

Manaus já reabriu as escolas, sendo uma das primeiras capitais a decidir pela volta dos alunos.

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