Por conta das restrições de mobilidade e do isolamento social impostas por conta da pandemia causada pelo coronavírus, as vendas no varejo obtiveram o seu pior resultado em duas décadas.
De acordo com os dados do Indicador de Atividade do Comércio apurado pela Serasa Experian, as vendas no varejo apresentaram um recuo expressivo de 31,8% no mês de abril, se comparado com o mesmo período de 2019.
Essa queda é a mais intensa desde o mês de janeiro de 2001, início da série histórica. No mês de janeiro de 2002 havia sido a última vez que o comércio tinha tido um tombo tão expressivo, no qual a baixa foi de 16,5%.
Se for realizada a comparação mensal do indicador aponta uma piora no volume de vendas, entre os meses de março e abril houve uma queda de 19,4%.
A queda vem logo após a uma outra queda que foi observada entre fevereiro e março, com queda de -16,2%. Isso mostra que houve uma intensificação no cenário desfavorável para o comércio.
Neste ano, o indicador já acumulou resultados negativos de 10,1%,se comparado com os quatro primeiros meses do ano passado.
Segundo o economista, Luiz Rabi, da Serasa Experian, apontou que os resultados são reflexo das medidas de distanciamento social adotadas para combater a crise sanitária.
“Com estabelecimentos comerciais de portas fechadas, lojistas viram seus estoques aumentarem e a demanda por produtos diminuir”, explica Rabi.
Ele ainda disse que é um momento que se faz necessário que os comerciantes se inovem para que consigam fazer as suas vendas de forma rápida, e evitem a paralisação do seu negócio.
“A internet e os serviços de entrega são uma solução criativa, mas ainda insuficientes para reverter prejuízos, pois não funcionam para qualquer tipo de negócio”, diz.
Segundo o indicador, os segmentos que mais dependem do consumo por meio de crédito sofreram os resultados mais negativos em abril.
O destaque é para o setor de móveis, eletrodomésticos, eletroeletrônicos e informática, que puxaram a queda do indicador com um recuo expressivo de -39,9% na comparação com o ano passado.
Os estabelecimentos que comercializam tecidos, vestuário, calçados e acessórios aparecem em seguida com uma queda de -39,6%. O ramo de veículos, motos e peças (-33,1%) e o de material de construção (-32,1%), completam o ranking.
Os setores que apresentaram quedas menos intensas são ligados a produtos de primeira necessidade, como supermercados, hipermercados, alimentos e bebidas (-24,3%) e combustíveis e lubrificantes (-19,3%).