Investidores receberam a notícia em meio à divulgação dos resultados do primeiro trimestre das principais empresas da bolsa. Além dos prejuízos bilionários, a notícia de mais uma saída ministerial do governo Bolsonaro afirmou ainda mais a queda na bolsa.
Somados os resultados diários do Ibovespa, as última semana apresentou uma queda acumulada de 3% no principal índice de ações brasileiras.
O ministro estava sendo pressionado pelo presidente a mudar a política em relação ao uso da cloroquina. Os protocolos atuais não prevem a utilização do medicamento para tratamentos iniciais.
Os últimos balanços e demonstrativos de resultados foram péssimas notícias para a economia, confira os prejuízos das empresas que já divulgaram os resultados dos 3 primeiros meses de 2020:
- Petrobrás – Prejuízo histórico de 48,5 bilhões
- CSN – Prejuízo de 1,3 bilhões
- JBS – Prejuízo de 5,9 bilhões
- Suzano Papel e Celulose – Prejuízo de 13,4 bilhões
Outro dado importante que saiu na última semana foi o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br). O resultado do indicador para março caiu 5,90% em relação ao mês anterior.
Se a semana já se mostrava difícil para os investidores brasileiros, o pedido de demissão do último ministro da saúde Nelson Teich, acabou derrubando ainda mais os índices e adicionando mais instabilidade política.
Com a recente aproximação entre o governo federal e a câmara, o mercado acreditava em uma possível retomada da estabilidade no governo brasileiro, esse foi um dos principais golpes no governo atual: A falta de estabilidade.
A falta de estabilidade política
No momento atual o que os investidores internacionais mais querem evitar são os riscos. Riscos de falência, de quebra ou de Impeachment.
Já falamos bastante nesta coluna sobre a importância do investimento externo, seja para equilibrar o câmbio ou incentivar as empresas nacionais.
De maneira geral, os desencontros do governo afastam a confiança internacional e os investidores externos.
Para dar um exemplo prático do que estou falando podemos citar o últimos relatórios de rating brasileiro.
Empresas de rating fazem a análise do risco soberano de um país e o classificam para investimento.
O S&P faz parte destas empresas e rebaixou a nota brasileira para BB-, o que nos deixa a 3 posições para fazer parte das economias “estáveis”.
Este tipo de decisão afeta nossa economia pois pode mudar os juros cobrados na dívida externa.
Resumindo, a falta de uma direção clara do governo Bolsonaro no combate à crise do coronavírus aumenta a instabilidade política, levantando até mesmos possibilidades de Impeachment.
A falta de estabilidade e governabilidade aumentam o risco brasileiro, principalmente para os investidores internacionais.
Essa diminuição dos investimentos atinge nossa economia com a falta de controle do câmbio (dólar nas alturas) e dificuldade em controlar e rolar a dívida externa.
Secretário interino
O General Eduardo Pazuello foi anunciado junto com o ex-ministro Teich como o 2° no comando do ministério da Saúde.
Com a saída do ministro, o general assumiu como interino o cargo e pode ficar na posição por algum tempo até a nomeação do próximo ministro.
Porém, a suspeita é que esse tempo sirva justamente para que o general assine as mudanças nos protocolos do uso da cloroquina.
Como falamos no início, o presidente já queria a mudança, mas o governo já foi avisado que nenhum médico de renome ou de carreira assinaria tal mudança antes de estudos concretos do medicamento.
A assinatura da mudança por um médico poderia inclusive causar penalidades no Conselho de Medicina. Exatamente por não ser médico, o general poderia assinar sem problemas a mudança desejada pelo presidente Bolsonaro.
Porém, esse tipo de movimentação política pode ainda piorar a imagem das Forças Armadas que defendem a permanência do general no cargo.
Além é claro de aumentar ainda mais a instabilidade política e criar mais atritos entre o governo e o congresso nacional.