O coronavírus e seu bolso: Uma nova crise econômica no Brasil está próxima?

Muitos são os impactos globais da atual pandemia do COVID-19. Nesta quarta-feira (18), o total de casos confirmados já ultrapassam os 204.519 segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) que contabilizou 8.250 casos fatais. O grande potencial de transmissão do novo coronavírus e a possível sobrecarga dos hospitais obrigou a maioria dos países a aumentarem as medidas contra a propagação, principalmente a suspensão das aulas, fechamento das fronteiras e cancelamento de vôos.

As bolsas mundiais responderam à pandemia com a pior queda desde a crise de 2008. Os países europeus foram os mais afetados, com a suspensão de vários serviços, atividades econômicas e paralisações das principais montadoras de veículos.

O Euro Stoxx 50, índice composto por 50 ações de empresas na zona do euro, já acumula uma queda de 37,49% nos últimos 30 dias.

O surto do novo Coronavírus no Brasil

Comparado aos outros países, o Brasil ainda está nos estágios iniciais do contágio. Ontem (17), foi registrada a primeira morte causada pelo coronavírus e o número de casos confirmados pelas secretarias estaduais é de 300 infectados.

Mesmo assim, o país já sente os efeitos da pandemia, afetando desde empresas de aviação até a população mais economicamente vulnerável.

Diversas medidas têm sido estudadas e tomadas pelo governo para incentivar a economia brasileira nesse momento, a mais recente foi a antecipação do 13º salário para aposentados dos INSS, o governo já anunciou a antecipação da primeira parcela a partir do dia 24 de Abril e a segunda se inicia no dia 25 de Maio, a antecipação ainda depende de decreto presidencial que confirmará o calendário oficial. 

Outra medida, ainda em fase de análise, é uma nova liberação de saques do FGTS, o secretário-executivo Marcelo Guaranys anunciou a transferência de R$ 21 bilhões para essa finalidade, mas ainda estudam como será feita a distribuição do recurso.

Como andam meus investimento na crise?

Os esforços do Ministério da Economia são também para incentivar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todas as atividades produtivas no país, que sofrerá danos com as paralisações de empresas, cancelamento de eventos e viagens, confinamento e suspensão das aulas.

Investidores que aplicaram parte do seu capital em ações ou fundos de investimentos com exposições na bolsa provavelmente já observaram alguma desvalorização no valor investido, o Ibovespa (índice com a ações mais negociadas na bolsa brasileira) iniciou o mês de março com 106.625 pontos e hoje atingiu os 67.348 pontos, uma queda de 36,84%.

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Investimentos mais conservadores em renda fixa também podem apresentar alguma desvalorização, principalmente no segmento de crédito privado e inflação. O primeiro pelo crescimento do risco de crédito para as empresas privadas e o segundo por mudanças na curva de juros afetada pelo momento de crise.

A preocupação também é grande com os trabalhadores informais. Segundo o IBGE, o mercado de trabalho brasileiro possui uma alta taxa de informalidade, representando quase 40% dos empregos e ultrapassando 38 milhões de brasileiros trabalhando sem registro no último estudo deste ano. 

Desde os profissionais autônomos até quem trabalha para aplicativos, as consequências da recessão serão mais graves para quem não está no regime CLT,  por não receberem durante os dias de confinamento podem se ver obrigados a continuar trabalhando e se expondo à transmissão do coronavírus no transporte público, na casa dos empregadores e etc. O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta terça (17) que estuda conceder ajuda para os trabalhadores informais, mas ainda não detalhou como serão as medidas.

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A recomendação do Ministério da Saúde é para que permaneçam em casa aqueles que podem, evitando assim uma propagação maior do Covid-19. Fica claro que todas as medidas são necessárias, inclusive para garantir a segurança da população mais vulnerável e para amenizar os efeitos da pandemia sobre todos os brasileiros.

A retração do PIB para o exercício atual parece inevitável e projetada por grandes bancos internacionais, o que na prática significa uma diminuição na atividade produtiva, geração de empregos, renda per capita etc. Do ponto de vista financeiro a crise já se estabeleceu e ainda não apresenta horizonte de estabilização, a pandemia mostrou um grande potencial de danos para as economias globais e não parece ser diferente no nosso país. Será necessário um grande esforço da população para adotar as medidas de contenção e do poder público para incentivar a recuperação econômica do país

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