Iniciada desde o ano passado, crise no Bolsa Família faz com que as mulheres sejam as mais afetadas. Uma reportagem especial da Folha de São Paulo apresentou a realidade de uma série de mães que tiveram seus benefícios cortados sem aviso prévio. Segundo a maioria delas, ao entrarem em contato com a equipe administrativa do programa, foram informadas de que não há previsão de retorno.
A redução dos auxílios vem sendo realizada desde o início da gestão do atual presidente Jair Bolsonaro. Ao assumir seu cargo, o parlamentar informou que sua equipe começaria a realizar uma espécie de investigação nos dados registrados no Cadastro Único, tendo como objetivo reduzir o número de fraudes no programa.
Intitulada de ação pente-fino, a medida resultou no desligamento de milhares de famílias, no entanto muitas questionam os motivos, afirmando que suas informações condizem com as regras exigidas para ser um beneficiário.
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É o caso da auxiliar de limpeza, Eureni, moradora da cidade de São Paulo que cedeu entrevista à Folha.
Mãe de duas meninas, a paulistana contava com os R$ 178 do projeto para ajudar na despesa das crianças. Segundo ela, seu benefício foi cancelado enquanto tentou atualizar os dados. Ela afirma que acredita que o entrevistador tenha registrado seus dados errados propositalmente para que o pagamento fosse suspenso.
“Quando a mulher está gestante ou amamentando, deve receber um acréscimo. Em vez de receber, foi cortado”, alegou.
Mediante a situação, Eureni deu entrada em um processo judicial e vem mantendo as filhas com ajuda de familiares e colegas, tendo em vista que está desempregada. Enquanto aguarda o resultado, afirma que tem sido momentos difíceis, sem previsão de melhora.
Além dela, a reportagem apresentou a realidade de diversas mulheres que também tiveram os acréscimos da maternidade cortados. É válido ressaltar que, para as gestantes e lactantes o Bolsa Família oferece um auxílio extra, disponibilizado para mães e filhos, de modo que ajude no desenvolvimento da criança e recuperação da genitora.
O que diz o Ministério da Cidadania sobre a crise no Bolsa Família
Questionado, o ministério informou que os cancelamentos estão sendo realizados para garantir o melhor desenvolvimento do programa. Os gestores alegam que ao afastar os beneficiários com erros no cadastro, os cofres públicos terão mais recursos para poder aceitar novas famílias.
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No entanto, até mesmo a aceitação de cadastros está travada e sem previsão de retorno. Segundo Onyx Lorenzoni, atual ministro da cidadania, o programa só passará a receber novos beneficiários após a conclusão do pente fino.
Estima-se que a crise do Bolsa Família que impede novos inscritos, já tenha somado uma fila de pelo menos 3 milhões de pessoas aguardando aceitação.
E mais, novas investigações sobre os cuidados com o programa foram tomadas nessa semana quando deputados e senadores tiveram acesso aos dados que mostram a partilha dos benefícios feita de forma desigual.
No mês de janeiro deste ano, a região nordeste que ocupava a posição mais pobre no ranking de beneficiários, recebeu apenas 3% de novas entradas no programa. Enquanto Sul e Sudeste ficaram com 75%.