Bolsa Família em crise? 3,5 milhões aguardam na fila do programa

O Bolsa Família, programa governamental essencial para a parcela mais carente da população, passa por um momento de tensão. A fila das pessoas que estão esperando para conseguir o benefício já chega a 3,5 milhões, número que representa 1,5 milhão de famílias de baixa renda.

Bolsa Família em crise? 3,5 milhões aguardam na fila do programa
Bolsa Família em crise? 3,5 milhões aguardam na fila do programa (Foto Reprodução Google)

Esta sobrecarga tem causado uma crise na rede de assistência social dos municípios, em especial os pequenos e médios. A população sem poder contar com o dinheiro do programa, voltou a recorrer as prefeituras atrás de cestas básicas e outras ajudas.

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O jornal Estado calculou o número de pessoas na fila do Bolsa Família averiguando o banco de dados do governo federal.

No fim do mês passado, o Ministério da Cidadania informou, através da Lei de Acesso à Informação (LAI), que a lista de solicitações para entrar no programa de transferência de renda seria de 494 mil famílias. Um terço do real entrave nos acessos.

As solicitações da população carente tem afetado as finanças dos municípios que já não é grande. No interior do Pernambuco, na cidade Surubim, que fica há 120 quilômetros do Recife, os pedidos de cesta básica dobraram no segundo semestre de 2019.

Os administradores da cidade de 70 mil habitantes analisam que a demanda maior que o normal por atendimentos se dá devido ao congelamento de novos benefícios do programa federal.

“São nove meses de uma fila de espera que só aumenta. E tem uma demanda que se reverte para a gestão municipal. Quem não tem acesso recorre à prefeita”, disse Penélope Andrade, vice-presidente do Colegiado Estadual de Gestores da Assistência Social de Pernambuco e secretária de Assistência Social em Surubim.

Dados do Ministério da Cidadania mostram uma queda acentuada no volume de concessões do Bolsa Família a partir de maio de 2019. Naquele mês, 264.159 famílias entraram na lista de beneficiários.

A partir de junho, as entradas caíram para 2.542 e, até outubro, quando os dados mais recentes foram divulgados no Cecad, o banco de dados do Cadastro Único de benefícios sociais do governo federal, o número permanecia neste nível.

Ao Estado, o ministério admitiu a redução no número de famílias incluídas no programa nos últimos meses e disse que isso será normalizado “com a conclusão dos estudos de reformulação do Bolsa Família”.

No entanto, técnicos que foram consultados pela revista “Exame”, dizem que a redução pode ter sido uma estratégia para garantir caixa necessário ao pagamento do 13° do benefício, promessa de campanha do presidente Jair Bolsonaro.

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Segundo as regras do governo, o Bolsa Família deve atender todas as famílias em extrema pobreza com renda familiar de até R$ 89 per capita. O benefício também é direito para as famílias em situação de pobreza, que vivem com renda per capita de até R$ 178 por mês, desde que tenham crianças e adolescentes de até 17 anos.

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Paulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.