Brasil corre o risco de viver uma crise econômica ainda pior em 2021. Na imprensa nacional muito têm se falado sobre as projeções financeiras dos próximos 12 meses. Há quem acredite que o governo não conseguirá driblar o momento de tensão e outros mais positivistas que esperam pequenas melhorias. No texto abaixo, acompanhe as previsões de especialistas.
Entre os efeitos do novo coronavírus, além da morte de milhares de pessoas, restou também um rombo no orçamento da união. Milhares de trabalhadores desempregados, famílias dependendo de programas de transferência de renda e o governo afirmando não ter recursos para amenizar a situação.
Governo pode criar novos aliados
Em reportagem especial, a BBC News Brasil ouviu série de especialistas — Daniel Duque (Ibre-FGV), Julia Passabom e Fernando Gonçalves (Itaú), Daniel Couri (IFI), Alessandra Ribeiro (Tendências Consultoria) e Christopher Garman (Eurasia) — que falaram sobre o que esperar nos próximos anos.
Eles alegam que nem tudo se trata de problemas, afirmando que há uma possibilidade de levantar novos recursos vindos do exterior. Com o dólar mais estável, Bolsonaro poderá eleger um aliado para a presidência da Câmara, resultando em novas ações que visem recuperar a economia nacional.
Mercado de trabalho deve ser reanimado
No que diz respeito ao mercado de trabalho, os números podem ser positivos. Segundo Daniel Duque, pesquisador do Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) deve haver indícios de recuperação.
“O mercado de trabalho em 2021 vai ser marcado por uma recuperação da população ocupada, junto a uma alta da taxa de desemprego, devido ao aumento da participação na força de trabalho. Em 2020, houve uma grande parcela da população que perdeu a ocupação, mas não procurou emprego. Eles devem voltar a procurar ocupação em 2021″, explica o economista.
Contas públicas devem permanecer desequilibradas
Mesmo com a recuperação do dólar, Daniel Couri, diretor da IFI (Instituição Fiscal Independente do Senado Federal), acredita que o governo não conseguirá organizar todas as suas contas.
Segundo o analista, esse deve ser o maior desafio da gestão pelos próximos meses, tendo em vista o rombo gerado neste ano e o clima de desconfiança entre os gestores.
“O cenário fiscal já era desafiador antes da pandemia e ela colocou um desafio adicional, que é lidar com esses gastos, isso tudo tendo que ser compatibilizado com nossas regras fiscais. Esse será o desafio para 2021. Esse quadro coloca um cenário de desconfiança em relação à capacidade do governo de manter uma trajetória fiscal sustentável nos próximos anos”, diz Couri.