- Economia brasileira se agrava com o fim do auxílio emergencial;
- Índice de pessoas em extrema pobreza é amplificado;
- Governo deverá liberar proposta social ainda em dezembro.
Redução e fim do auxílio emergencial deverão agravar ainda mais o atual cenário econômico brasileiro. Ofertado desde o mês de abril, o benefício tem se mostrado como a principal alternativa para minimizar os impactos financeiros do covid-19. No entanto, próximo ao fim de seu calendário, analistas afirmam que haverá um grande impacto nas contas nacionais.
O auxílio emergencial foi elaborado com a finalidade de gerar uma movimentação financeira ao longo do covid-19. Inicialmente sua parcela foi ofertada com um valor de R$ 600. Já no último trimestre essa quantia foi reajustada com uma redução de R$ 300.
Reajuste gera impactos
A primeira decisão do governo de reduzir o valor da parcela já passou a gerar impactos na economia nacional como um todo. Com a liberação do benefício em seu primeiro modelo, parte significativa da população que não tinham poder de compra, passaram a circular financeiramente.
Os índices de supermercados foram elevados juntamente com avanços significativos em produtos e serviços. No entanto, já a partir do mês de outubro com a nova parcela de R$ 300 a economia passou a perder força para esse grupo.
De acordo com o economista Daniel Duque, pesquisador da área de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), a redução do benefício pesou no bolso dos brasileiros.
Ele explica que o número de pessoas que vivem em situação de pobreza aumentou mais de 8,6 milhões de agosto para setembro. Já aqueles em estado de miséria foi acrescentado em mais de quatro milhões.
Projeções negativas para 2021
A se considerar o cenário para 2021, sem nenhuma parcela sendo concedida, as projeções são ainda mais delicadas. O analista acredita que o mês de janeiro deverá ser o pior momento de crise, tendo em vista que será o início de uma vivência sem o pagamento do auxílio.
Desse modo, espera-se que o mercado tenha uma baixa considerável, o poder de compra e venda será minimizado e as pessoas darão início a uma busca no mercado de trabalho ou linha de crédito que também vivem momentos de instabilidade.
Pesquisador da consultoria IDados, Bruno Ottoni, reforça esse cenário e afirma que o próximo ano será ainda mais delicado.
“O auxílio vai acabar, e os trabalhadores que puderam ficar em casa com alguma renda no período de pandemia não terão alternativa, terão de buscar trabalho. Vai acabar também o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, que beneficiou até 9,5 milhões de trabalhadores da iniciativa privada. Então, teremos um corte expressivo e abrupto de dois programas muito relevantes”, disse ele.
Extrema pobreza em avanço
Até o momento, os números mostram que a extrema pobreza cresceu de 5,171 milhões, em agosto, para 9,251 milhões em setembro. O aumento total é de 4,080 milhões. O número de cidadãos nesse grupo subiu de 2,4% para 4,4%.
No caso daqueles que estão em situação de pobreza o aumento foi ainda mais significativo, sendo as taxas de 18,3%, em agosto, para 22,4% em setembro. De modo geral, a população carente foi reajustada de 38,766 milhões para 47,395 milhões.
Os números da Pnad Covid em outubro revelam que cerca de 10% dos mais pobres estavam sobrevivendo com uma renda per capita de apenas R$ 31 por mês, sem considerar o auxílio emergencial.
Outros demais 221 milhões de brasileiros estavam vivendo com apenas R$ 1,05 por dia considerando toda a renda disponível. Desde a chegada do auxílio esse valor mensal subiu para R$ 219 o que significa um valor diário de R$ 7,33.
Programa social como plano alternativo
Uma das projeções ainda não definidas para 2021 é a liberação de quantias extras pelo Bolsa Família. O governo avalia a possibilidade de aumentar o número de pessoas contempladas no projeto e reavaliar os critérios de renda e pagamento para permitir que novos grupos sejam beneficiados.
Os detalhamentos sobre essa revitalização na pauta ainda não foram liberados, mas deverão serem definidos ao longo do mês de dezembro.