Segundo pesquisas realizadas pela Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da Universidade de São Paulo (FEA-USP), a criação de um novo programa de renda no próximo ano é quase impossível, pois o governo poupa a parcela mais rica da população.
Com a pesquisa, a USP constatou que os ricos precisam pagar mais impostos para que a desigualdade social diminua no Brasil. Porém, não é o que acontece, já que essa parte da população é poupada de vários ônus.
Além disso, para financiar um novo programa de renda seria necessário acabar com o teto de gastos. Essa impede o aumento das despesas do país seja maior que a inflação do ano anterior.
Com isso, muitos avanços são inibidos, inclusive em relação às medidas de combate a desigualdade social.
O Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades (Made) conduziu um estudo que analisou três propostas de financiamento do Renda Brasil.
É importante lembrar que esse era o programa que estava sendo elaborado para substituir o Bolsa Família, criado durante a gestão do ex-presidente Lula (PT).
A primeira ideia apresentada pela equipe econômica do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi unificar programas (abono salarial, seguro-defeso, salário-família), congelar aposentadorias e acabar com o Farmácia Popular.
Segundo a pesquisa, unificar esses programas aumentaria em 30% o valor do Bolsa Família e acrescentaria 3 milhões de beneficiários. O congelamento das aposentadorias também teria o mesmo efeito.
Porém, essas propostas não interferem na renda dos mais ricos, ou seja, não teria impacto na redução da desigualdade social.
Além disso, o Made elaborou quatro alternativas para o financiamento de um programa para a redução da desigualdade social. Todas elas preveem o aumento de impostos pagos pelos 20% mais ricos. Mesmo assim, a proposta só seria viável sem o teto de gastos.
A proposta é aumentar a média paga no Bolsa Família, passando de R$ 48 por pessoa, para:
- R$ 125 mensais, para os 30% mais pobres;
- R$ 150 mensais, para os 30% mais pobres;
- R$ 125 mensais, para os 50% mais pobres, com o fim do abono salarial, seguro-defeso e salário família;
- R$ 125 mensais, para os 50% mais pobres.
Tudo isso seria financiado pelo Imposto de Renda cobrado da população mais rica.