- Ministro garante que governo irá para o ataque após eleições;
- Guedes quer trabalhar por uma grande zona de livre comércio;
- Ministro se diz frustrado por não ter concluído nenhuma privatização.
De acordo com uma declaração dada ontem, 23, pelo ministro da Economia Paulo Guedes em uma videoconferência , o governo irá “para o ataque” nos próximos dois anos com privatizações e reformas.
O ministro falou também que a equipe econômica foi falha no cumprimento das metas estabelecidas de abertura da economia do país ao comércio exterior, mas garantiu que isso acontecerá de forma “gradual, segura e inexorável”.
“Dedicamos este primeiro ano, ano e meio para atacar as grandes despesas do governo. Jogamos na defesa. No segundo ano, e nos próximos dois anos, vamos para o ataque. Vamos para as privatizações, com abertura, com simplificação, reforma tributária, a reindustrialização em cima de energia barata. É esse o panorama à frente”, disse o ministro.
Paulo Guedes citou os próximos passos que fazem parte da agenda de reformas:
- Lei de falências, já aprovada pela Câmara dos Deputados e aguardando a análise pelo Senado;
- Autonomia do Banco Central, aprovada pelo senadores e aguardando a análise pela Câmara;Marcos regulatórios do gás natural e da cabotagem;
PEC da emergência fiscal
Ele também defendeu a necessidade de nos próximos meses prosseguir com as conversas a respeito das reformas tributárias e administrativas, e do pacto federativo.
“Agora tem a política. A política às vezes anda, às vezes não anda. Às vezes, bloqueia. Atrasou um pouco a administrativa. Perturbou bastante a tributária, impediu as privatizações”, disse Gudes.
O ministro voltou a dizer que acredita na existência de um acordo político de centro esquerda que impediu as pautas sobre privatizações.
“E, dentro do governo, também, alguma resistência de alguns ministérios. Todo ministro gosta de uma empresa que está embaixo do ministério dele. Alguns ministros nossos, no início, não compreenderam a importância do programa de privatizações para derrubar a dívida/PIB”, explicou.
No começo de novembro, Paulo disse estar frustado por não ter conseguido privatizar nenhuma estatal nos dois primeiros meses do governo.
Ele havia planejado para este ano, a privatização da Eletrobras, Correios, Porto de Santos e Pré-Sal Petróleo S.A. Ele vem dizendo que a nova meta é finalizar a venda destas quatro empresas até o fim do ano que vem.
Abertura comercial
Guedes reconheceu também que até este momento do governo de Bolsonaro, não conseguiu abrir a economia brasileira.
Ele disse que a tarifa média de importação do Brasil está levemente acima de 14%, ao passo que existem setores com 34% e outros com zero. Em média, a tarifa praticada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), grupo de nações ricas em que o país quer entrar, é de 4%.
Guedes explicou que o governo é liberal mas não “trouxa”, e que sendo assim, é preciso melhorar as condições de competitividade da produção nacional mediante a uma reforma tributária e de novos marcos legais voltados para os investimentos antes de realizar a abertura comercial.
“Não podemos soltar um animal de cativeiro e achar que ele vai competir. Temos de treinar na selva. Tínhamos de fazer uma abertura gradual, mas segura e inexorável. Tem de abrir”, disse.
O ministro disse querer tornar o país em uma “grande zona de livre comércio, mas com a preservação da indústria nacional.
Meio ambiente
Mesmo não tendo sucesso na diminuição de tarifas, Guedes afirmou que o governo conseguiu progredir em acordos comerciais, dando como exemplo as negociações com o Mercosul e com a União Européia.
“Assinamos um acordo com a União Europeia, agora vamos ver se os parlamentos ratificam ou não, mas fizemos a nossa parte. Saiu do Ministério da Economia e entrou lá na Europa. Vamos mostrar que temos a matriz de energia mais limpa do mundo, vamos mostrar que nós realmente estamos preocupados com o problema do meio ambiente, vamos fazer o que for preciso para despertar essa boa vontade lá fora”, explicou.