- Fim do auxílio emergencial deverá desestabilizar economia brasileira;
- Analistas avaliam a evolução do PIB e projeção de 2021 não é positiva;
- Dívidas federais poderão tornar o cenário ainda mais difícil.
Fim do auxílio emergencial deverá alterar cenário econômico brasileiro. Está cada vez mais próximo da Caixa Econômica Federal (CEF) encerrar o cronograma de pagamentos do coronavoucher, desse modo, muitos economistas e analistas passam a fazer projeções para o futuro financeiro do país. Até o momento acredita-se que o fim do programa reduza em R$ 100 bilhões os recursos de consumo previstos para 2021.
O auxílio emergencial foi desenvolvido como uma medida econômica visando minimizar os impactos do covid-19.
Desde a liberação da sua primeira parcela, ele vem gerando benefícios no que diz respeito ao cenário financeiro, impedindo que o Produto Interno Bruto (PIB) nacional fique negativado.
Apesar da atual realidade de inflação, com o preço dos alimentos registrando altas históricas, o auxílio ainda vem conseguindo conter os impactos negativos da pandemia.
No entanto, mediante ao seu fim pesquisas mostram que o próximo ano contará com uma redução de 10% em relação à massa salarial necessária para o consumo.
O primeiro grande efeito negativo deverá ser sentido ainda nos três primeiros meses. Entre janeiro e março de 2021, com o fim dos pagamentos sociais e também a escassez da poupança dos cidadãos é de se esperar que a economia viva um período de ainda mais tensão e instabilidade.
Bradesco faz projeções nem tão negativas
O economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato, explica que o ano de 2021 não será fácil, mas pode ter um efeito menos complicado do que o que se espera até o momento.
De acordo com ele, haverá uma redução na circulação financeira nacional com o fim do auxílio emergencial, mas esse corte não deverá impactar bruscamente o PIB.
O analista defende que com a poupança levantada ao longo dos últimos meses será possível passar por o primeiro trimestre de uma forma mais amena.
— Houve um aumento de R$ 1 trilhão nos depósitos nos bancos, que saltaram de R$ 2,3 trilhões para R$ 3,2 trilhões durante a pandemia. A expectativa é que quando o auxílio emergencial acabar, os brasileiros comecem a sacar esse dinheiro da poupança, reduzindo o impacto no crescimento econômico – explicou Honorato.
Estímulos a economia serão necessários
No entanto, o especialista esclarece ainda que será necessário elaborar medidas de estímulo para garantir um desenvolvimento econômico. Entre as alternativas, ele cita a baixa dos juros, uma amplificação nas ofertas de crédito e a redução dos depósitos compulsórios dos bancos.
De acordo com os cálculos feitos pelo Bradesco espera-se uma retração de 4,5% no PIB deste ano e uma expansão de 3,5% em 2021. Porém, é válido ressaltar que tais números são apenas projeções e que tudo irá depender de como o país fechará sua folha até o fim do mês de dezembro.
Outro ponto que precisa ser avaliado é a possibilidade de uma segunda onda de covid, considerada possível pelos cientistas da área de saúde. Quanto a isso, a notícia da vacina da Pfizer com resposta de imunização de 90% foi vista como um alento, mas precisará ser disponibilizada em todo o território nacional ao longo do ano que vem.
—Isso vai determinar o ritmo de recuperação da economia – diz Honorato.
Quadro fiscal é ponto negativo na retomada econômica
Por fim, o representante do Bradesco pontuou ainda que é preciso avaliar como se encerrará o quadro fiscal do país, agravado durante a pandemia. Até o momento a relação dívida/pública PIB deve fechar 2020 em quase 100%, sendo maior que os demais países emergentes.
Sobre isso, Honorato explica que os valores são manejáveis e podem ser levados para um patamar menor desde que seja respeitado o teto de gastos e que as agendas de reforma avancem.
— Entre as medidas que podem mudar esse quadro estão a aprovação do gatilho do teto de gastos, a PEC do Pacto Federativo, a PC Emergencial e as reformas administrativa e fiscal. Se as reformas avançarem, o Brasil sai fortalecido da pandemia – defendeu o economista-chefe do Bradesco.
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