PONTOS CHAVES
- Bolsonaro anuncia suspensão do Renda Brasil
- Presidente afirma não concordar com propostas de Paulo Guedes
- Fim do abono salarial entra em pauta com nova solução
Presidente se pronuncia contra sua própria equipe e suspende funcionamento do Renda Brasil. Nessa quarta-feira (26), em evento realizado em Minas Gerais, Jair Bolsonaro comentou sobre a decisão de adiar o lançamento do novo projeto social. De acordo com ele, a decisão foi motivada por uma incompatibilidade de interesses entre o poder público. Ao longo de sua fala, criticou o ministro Paulo Guedes e garantiu que os valores ofertados deverão ser revistos.
Nessa terça-feira (25), o governo federal deveria lançar o Renda Brasil. O projeto pretende substituir o atual auxílio emergencial e Bolsa Família e deverá contemplar mais de 20 milhões de brasileiros em situação de vulnerabilidade social. Entretanto, a finalização do seu texto está sendo motivo de instabilidade em Brasília.
Quando recebeu a pauta, Bolsonaro foi informado que o valor concedido mensalmente seria de R$ 247. A quantia foi avaliada pelo ministro, Paulo Guedes, sob a justificativa de que, nesse momento, seria a alternativa ideal para evitar grandes despesas no orçamento da União.
Mesmo com tal pontuação, Bolsonaro não aprovou a proposta. De acordo com ele, o valor seria insuficiente, sugerindo então uma correção para que as parcelas fossem ao menos de R$ 300.
“Ontem discutimos a possível proposta do Renda Brasil, e falei: ‘Está suspenso’. A proposta, como apareceu para mim, não será enviada ao parlamento. Não posso tirar de pobre para dar a paupérrimos”, defendeu Bolsonaro.
Redistribuição do Renda Brasil e fim do abono salarial
Outro ponto também não aceito pelo presidente diz respeito a redistribuição de recursos de outros projetos para assim manter a folha de pagamentos do Renda Brasil.
De acordo com ele, a decisão de cancelar o abono salarial, que atualmente fornece até R$ 1.045 para os trabalhadores com até dois salários mínimos, não será aprovada.
O gestor defendeu que, é preciso de fato reorganizar o orçamento público, mas que isso não pode ser feito mediante o sacrifico de uma outra parcela também menos favorecida.
“Não podemos fazer isso aí, como, por exemplo, a questão do abono para quem ganha até dois salários mínimos, que seria um 14º salário. Não podemos tirar isso de 12 milhões de pessoas para dar ao Bolsa Família, ao Renda Brasil ou como for chamar esse novo programa”, concluiu.
Impacto no mercado
As falas de Bolsonaro resultaram diretamente no mercado financeiro. Mediante o clima de instabilidade e tensão política, por volta das 13h, a Bolsa de Valores registrou uma queda de 1,54%, aos 100.546 pontos.
Já o dólar foi ampliado em 1,18%, negociado a R$ 5,59. Ao fim do dia, o fechamento da ibovespa pontuou uma queda de 1,46%, ficando há a 100.627 pontos.
Analistas econômicos acreditam que o reflexo imediato se deve ao fato de que os projetos sociais serão responsáveis por movimentar a economia nacional.
Desde que foi liberado, o auxílio emergencial, por exemplo, minimizou consideravelmente os números negativos da crise econômica, tendo em vista que aumentou a circulação financeira em todas as regiões brasileiras.
Prorrogação do auxílio emergencial
Em entrevista, Bolsonaro garantiu ainda que deverá de fato prorrogar o auxílio emergencial. De acordo com ele, a equipe econômica ainda está estudando um valor que deverá ser inferior aos atuais R$ 600.
No entanto, o chefe de estado disse que irá manter o benefício até dezembro tendo o interesse de ao finaliza-lo já dar início ao novo Renda Brasil.
“Ou o Brasil começa a produzir, fazer o plano que interessa a todos nós, que é o emprego, o melhor plano social que existe, ou estamos fadados ao insucesso“, afirmou.
Espera-se que os novos informes do auxílio emergencial sejam publicados até o fim deste mês. Atualmente, o cronograma está mantido até outubro, no entanto, para os contemplados do Bolsa Família, por exemplo, a agenda de extensão já foi concluída.