- Em entrevista ao JN, Bolsonaro afirma o sucesso de seu governo no gerenciamento da economia brasileira;
- Bolsonaro culpa pandemia e guerra na Ucrânia pela instabilidade econômica;
- Executivo Federal alega crescimento no mercado de trabalho nos primeiros anos de pandemia.
Há alguns meses o governo Bolsonaro tem afirmado como a economia brasileira melhorou durante os quatro anos de gestão. A circunstância foi evidenciada recentemente durante entrevista concedida ao Jornal Nacional na última semana.
Na ocasião, o presidente da República informou que os números correspondentes à melhora da economia brasileira “são fantásticos levando-se em conta o resto do mundo”. No entendimento do governo Bolsonaro, provavelmente, o Brasil é o único país do mundo que chegou ao patamar de promover a deflação.
A crença do governo Bolsonaro é que o Brasil deve ter uma inflação bastante inferior se comparada a países como a Inglaterra e os Estados Unidos da América (EUA).
Na variação mensal de junho, por exemplo, o país registrou uma deflação de 0,68% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Instabilidade econômica no governo Bolsonaro
O Brasil apresenta a 4ª maior taxa de inflação entre os países do G20, grupo que reúne as maiores economias do mundo, segundo dados do início de agosto da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Neste grupo, o Brasil só perde para a Turquia, que acumula inflação de 79,6% nos últimos 12 meses, e para a Argentina e Rússia, com taxas de 71% e 16,7%, respectivamente. Quando considerada a inflação geral do G20 nos últimos 12 meses, de 9,25%, a taxa brasileira também é superior.
Volatilidade econômica no governo Bolsonaro
Em entrevista ao Jornal Nacional, Jair Bolsonaro admitiu a frustração por não ter conseguido cumprir as promessas feitas durante a campanha eleitoral de 2018. Como justificativa ele recorreu a argumentos como a pandemia da Covid-19 e a guerra da Rússia contra a Ucrânia.
Ao colocar o crescimento econômico do país na ponta do lápis, em termos de Produto Interno Bruto (PIB) o Brasil teve um crescimento de 1% no primeiro trimestre de 2022 se comparado aos três últimos trimestres do ano passado.
Ao realizar a comparação no período equivalente de 2021, a economia cresceu 1,7%. Em valores correntes o PIB chegou a R$ 2,249 trilhões.
Os resultados do segundo trimestre ainda não foram divulgados pelo IBGE. No entanto, o Monitor do PIB, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), o resultado foi de 1,1% de crescimento em relação ao trimestre anterior.
Em termos de previsões futuras, o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê crescimento de 1,7% para o PIB brasileiro em todo o ano de 2022, segundo dados de julho.
O chefe do Executivo Federal tem o costume de elogiar o desempenho econômico basileiro no decorrer da crise sanitária e minimizar a alta da inflação. Entretanto, uma pesquisa divulgada pela Rede Penssan mostrou que cerca de 33 milhões de pessoas passam fome no Brasil.
O número é quase o dobro dos registros de 2020. Os dados compõem o segundo Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19.
Mercado de trabalho no governo Bolsonaro
Durante a entrevista, Bolsonaro afirmou que o Brasil sofreu uma perda de quase três milhões de postos de trabalho no biênio de 2015-2016. O mesmo saldo foi acrescido nos anos de 2020 e 2021, no auge da pandemia, segundo o governo Bolsonaro.
“Isso é sinal do quê? Competência da equipe econômica. Programas como, por exemplo, o Pronampe e o BEM preservaram mais de 10 milhões de empregos no Brasil”, declarou.
De acordo com a apuração do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), 2.771.628 vagas de emprego formal foram criadas no final de 2021. Entretanto, no ano de 2020, o saldo não foi positivo, mediante a perda de 192.746 vagas de trabalho.
Entre 2014 e 2015, porém, foram perdidos 887.626 postos de trabalho, não 3 milhões, segundo o Anuário Estatístico da Relação Anual das Informações Sociais (Rais).