A conta não fecha! Inflação cresce e o novo SALÁRIO MÍNIMO fica pelo 4° ano sem aumento real

O Diário Oficial da União mostrou no último dia 10 de agosto que o presidente Jair Bolsonaro (PL) sancionou a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Entre outras coisas, o valor do salário mínimo para 2023 foi definido, e ficou em R$ 1.294, um aumento de R$ 82 comparado aos R$ 1.212 pagos esse ano. Acontece que pelo quarto ano seguinte, o governo federal achou melhor não fazer o reajuste real no piso.

Novo salário mínimo vai mudar seus direitos trabalhistas e sociais, mas não como você merecia!
A conta não fecha! Inflação cresce e o novo salário mínimo fica pelo 4° ano sem aumento real (Imagem: FDR)

Caro amigos leitores do FDR, você já deve ter ouvido que o salário mínimo do próximo ano vai mudar. Mas, afinal, como isso vai ter impacto direto nos seus direitos? Quando dizemos que o reajuste ficou abaixo do valor real é porque não ficou acima da inflação, aquele que mede os preços dos serviços e produtos do país.

Na prática, você vai continuar recebendo menos do que o suficiente para conseguir adquirir produtos básicos. Além disso, vai receber R$ 1.292 por oito horas de serviço diário no regime de Consolidação de Leis Trabalhistas (CLT), e os pagamentos previdenciários e trabalhistas também serão alterados.

No Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) nenhum benefício pode ser pago em quantia inferior a um salário mínimo. Tanto, que pelo 60% dos aposentados e pensionistas recebem pagamento equivalente ao piso. Logo, serão diretamente afetados com esse reajuste.

Ainda tem os pagamentos voltado aos trabalhadores. Por exemplo, o seguro desemprego paga no mínimo valor igual ao piso federal. Enquanto o abono do Programa de Integração Social (PIS), e o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP) pagam até um salário mínimo aos trabalhadores.

Estamos falando de milhares de pessoas que esperam justamente esse reajuste para aumentar a sua renda familiar. Pessoas que dependem exclusivamente do pagamento igual ao piso salarial estão enquadradas em baixa renda.

Em uma pesquisa inédita, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) mostrou que 10% da população que ganhava até um salário mínimo ficou totalmente sem renda nenhuma nos últimos seis meses. Um público que precisou se deparar com o aumento dos alimentos, alta no preço de produtos básicos e serviços cada vez mais caros.

Como o governo pretende mudar o salário mínimo?

A Constituição Federal garante que o salário mínimo deve ser alterado todos os anos, ou seja, o governo precisa fazer essa mudança anualmente. Para isso, o atual governo tem usado como referência o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).

Em julho foi informado que a inflação caiu de 7,9% para 7,2%, logo alterou diretamente o piso salarial. Ainda assim, se considerado esse valor o salário mínimo de 2023 deveria pagar R$ 1.299 e não R$ 1.294 como foi aprovado na LDO. Mais uma vez essa conta não fecha.

A boa notícia é que ainda dá tempo do governo rever esses valores. Ou seja, se houver o mínimo de bom senso o pagamento que atinge mais de 14 milhões de pessoas no país, considerando aquelas que recebem entre 1/2 a 1 salário mínimo, os parlamentares farão mudanças.

O valor definido para o piso salarial de 2023 deve estar no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) que deve chegar ao Congresso, com deputados e senadores, até 31 de agosto. Até lá podem haver alterações, como aconteceu em 2021, quando o LDO previa pagamento de R$ 1.147 para o salário mínimo, mas o PLOA foi votado levando em consideração um valor de R$ 1.169.

No fim das contas, hoje o piso é de R$ 1.212, valor ainda maior que as outras duas propostas. E que começou a valer em 1° de janeiro deste ano, após considerar o INPC medido entre os meses de janeiro e novembro de 2021.

A conta não fecha! Inflação cresce e o novo salário mínimo fica pelo 4° ano sem aumento real
A conta não fecha! Inflação cresce e o novo salário mínimo fica pelo 4° ano sem aumento real (Imagem: FDR)

A conta não fecha!

Já pode ir preparando seu bolso, já que seus direitos trabalhistas, previdenciários e sociais pagos usando como referência o salário mínimo de 2023, serão totalmente afetados. A proposta do LDO foi de reajustar em 6,8% o piso federal, mas o INPC de 12 meses já acumula alta de 10,12%.

Mas calma amigo, o governo tem que usar como referência o INPC apenas dos meses de 2022 para calcular sua influencia no salário de 2023. Logo, essa quantia ainda deve ser diferente, por isso, a nossa esperança deve ser depositada além do bom senso, nos resultados até o fim deste ano.

Outro fato que pode influenciar nesse valor são as eleições presidenciais. Até o momento, sabe-se apenas que o candidato Lula (PT) pretende voltar a aplicar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) no cálculo que vai definir o valor do salário mínimo. Justamente a fórmula que garantia que o piso ficasse acima da inflação.

Agora, só pra você ter uma ideia de que estamos muito distantes de conseguir um salário mínimo capaz de sanar todas as nossas despesas, acredita-se que o piso ideal seria 5,27 vezes maior do que o mínimo de R$ 1.212,00 pago hoje. As informações são do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

O Departamento coloca como pagamento ideal a quantia de R$ 6.388,55 para o salário, considerando uma família composta por quatro pessoas. Para chegar a essa quantia foram considerados os gastos básicos, e o fato de que em julho de 2022, o trabalhador precisou usar 59,27% do seu rendimento para adquirir os produtos da cesta básica. 

Lila CunhaLila Cunha
Formada em jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) desde 2018. Já atuou em jornal impresso. Trabalha com apuração de hard news desde 2019, cobrindo o universo econômico em escala nacional. Especialista na produção de matérias sobre direitos e benefícios sociais. Suas redes sociais são: @liilacunhaa, e-mail: lilacunha.fdr@gmail.com