- BC elevou a Selic pela 11ª vez consecutiva
- Taxa agora está em 13,25%
- Como ficam os investimentos?
Na última quarta, 15, o Banco Central elevou a taxa básica de juros Selic pela 11ª vez seguida. Por conta do aumento de 0,5 ponto percentual, a Selic agora está em 13,25% ao ano.
O aumento na taxa básica de juros impacta em dois pontos muito importantes na vida financeira dos brasileiros: olhando por um lado, o objetivo da elevação é o de segurar a inflação, ao aumentar o custo do crédito e reduzir o consumo; já pelo outro lado, o aumento da taxa faz com que o rendimento de aplicações financeiras de renda fixa, em especial as atreladas diretamente à Selic ou ao CDI (que segue a Selic de perto), aumentem.
Este é, por exemplo, o caso de títulos do Tesouro Direto ligados à taxa básica de juros (chamados de Tesouro Selic) e dos CDBs.
Também são afetados, mas com menos intensidade, a poupança, que perde a rentabilidade aumentada de forma linear depois que a Selic ficou acima de 8,5%. Quando a Selic está abaixo deste patamar, o rendimento da poupança fica em 70% de quanto for a taxa básica de juros.
Já quando a taxa está acima de 8,5% (podendo ser 8,51% ou 20%), o retorno da modalidade fica limitado a 0,5% ao mês, ou 6,17% ao ano, acrescido da variação da TR, regra conhecida como da “poupança velha”. No entanto, é importante ter em mente que, com a Selic no patamar acima de dois dígitos, a TR deixou de ter retorno zero, e deve trazer certa rentabilidade para a poupança.
Rendimentos
Com o novo patamar da Selic, os investidores que aplicarem R$1 mil no Tesouro Selic (ou CDB que paga 100% do CDI) no período de um ano, após o recinto do Imposto de Renda de 17,5% para esse período, o resgate seria de R$ 1.114,51,51 (levando em conta a projeção de mercado para os juros futuros no período até ontem, de 13,88% ao ano).
No caso da Poupança, no mesmo período, o investidor terá um resgate de R$1.069, 11 (levando em conta a estimativa da TR de 0,70% ao ano no período). Isto dá uma diferença de cerca de R$50 ano ano a menos de retorno para cada R$1 mil investidos.
Este valor pode parecer baixo, porém, quanto mais alto for o valor, maior será a diferença. Confira a simulação realizada por Liao Yu Chieh, educador financeiro do C6 Bank.
É importante ressaltar que os títulos de renda fixa ficam sujeitos a tributação do IR pela tabela regressiva. No caso de resgates entre 361 a 720 dias, a alíquota aplicada é de 17,50% sobre o rendimento, o percentual utilizado no cálculo acima. Após o período de dois anos, a tributação diminui para 15%.
Em períodos de alta de juros, é comum que os investidores passem seu dinheiro para a modalidade de renda fixa. “A alta da Selic proporciona uma boa oportunidade de rendimento em renda fixa para o investidor que não pode ou não quer se sujeitar à volatilidade da renda variável”, disse Chieh ao Valor Investe.
Mesmo que aconteça esta migração para a renda fixa, Liao alerta para que os investidores não deixem a renda variável de lado. No mundo dos investimentos, o importante é diversificar de acordo com seu perfil e objetivos. Existem boas oportunidades de investimento tanto na renda fixa quanto na variável”, disse.
A Selic é a taxa básica de juros da economia. Seu nome vem de uma abreviação de Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, um sistema administrado pelo Banco Central do Brasil (BCB) em que são negociados títulos públicos federais.
Mas trazendo pra nossa realidade, o que tudo isso significa e como a Selic tem relação com os preços dos alimentos, do gás, dos combustíveis, do aluguel, entre outros?
“Quando a taxa Selic sobe, os juros cobrados nos financiamentos e o valor dos empréstimos ficam mais altos e isso desestimula o consumo, o que favorece a queda da inflação. Quando a Selic cai, há um cenário favorável para se tomar dinheiro emprestado uma vez que os juros cobrados nas operações ficam mais baratos e isso favorece o consumo”, disse Iverson Leles de Souza, supervisor de crédito e educador financeiro do Banco Semear.