Nesta quinta-feira, 9, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) informou em nota oficial que fez dois pedidos ao governo federal. Solicitando que haja isenção de impostos federais sobre produtos da cesta básica, e a desoneração da folha de pagamento.
Neste mesmo dia, ao participar do Fórum da Cadeia Nacional de Abastecimento, Bolsonaro pediu aos representantes dos supermercados que diminuam seus lucros nos produtos da cesta básica.
O apelo seria uma forma de tentar barrar a alta nos preços dos alimentos, que vem prejudicando principalmente as pessoas mais pobres.
No Brasil existem pelo menos 33,1 milhões de pessoas passando fome. As informações são da pesquisa feita pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (PENSSAN).
Uma das explicações para esses dados é o aumento no valor dos produtos, e a alta da inflação. Por isso, medidas estão sendo discutidas para baratear os alimentos.
O presidente da Abras, João Galassi, disse que solicitou ao ministro da Economia, Paulo Guedes, a isenção do ICMS sobre os alimentos. Incluindo a ideia no mesmo projeto para diminuir o valor dos combustíveis.
Galassi, que representa 50 varejistas do país, garantiu que qualquer diminuição será repassada no valor final pago pelo consumidor.
Guedes cobrou também dos governadores dos estados ações para abaixar os preços dos supermercados. Segundo o ministro, o governo federal tem criado formas de cortar impostos para diminuir os impactos nos bolsos dos consumidores.
No entanto, disse que “os governadores têm de colocar a mão no bolso e ajudar o Brasil”.
Em entrevista a Folha de S. Paulo, o coordenador de IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da FGV (Fundação Getúlio Vargas), André Braz, disse que o pedido do governo federal aos supermercados é “absurdo”.
“Todo supermercado vive pelas leis de mercado, da oferta e da procura. Ele é um revendedor, praticamente não fabrica nada. Se compra uma mercadoria mais cara, por culpa de outros fatores que não têm a ver com o lucro dele, ele também não pode vender mais barato do que ele compra“, explica o especialista.
Braz também defende que cabe aos supermercados gerar uma série de empregos e aumentar a renda da parcela da população. Logo, não conseguiria comprar caro e vender por um valor menor aos consumidores.
Em setembro de 2020, Bolsonaro fez um pedido muito semelhante aos varejistas. Na época, ele foi alertado sobre o aumento de 20% dos preços de produtos que fazem parte da cesta básica.
Na ocasião, pediu aos varejistas que houvesse mais “patriotismo”, evitando o repasse de preços ao consumidor.