Em situação de vulnerabilidade, mulheres fazem relatos sobre as dificuldades de sustentar os filhos. Neste domingo (08), é comemorado o Dia das Mães. Para muitos, a data significa celebração e mesa farta compartilhada entre os familiares. No entanto, há milhares de cidadãos em uma realidade oposta. Acompanhe.
O Dia das Mães está entre as principais datas festivas do país. Celebrado sempre no segundo domingo de maio, costuma reunir famílias em frente à mesa para almoços e jantares. As mulheres mais pobres, no entanto, não conseguem ver alegria neste momento.
A realidade das mães beneficiárias do Auxílio Brasil
Atualmente o país contabiliza mais de 10 milhões de mulheres que nesse momento recebem as mensalidades do Auxílio Brasil. Em comum, elas apresentam a situação de vulnerabilidade social, sobrevivendo com uma renda mensal de R$ 400.
Aos 34 anos, a moradora da comunidade do Pilar, localizada na cidade do Recife, Pernambuco, conta um pouco sobre os desafios de sustentar a casa apenas com o dinheiro do abono.
“É uma luta diária muito grande. Todos os dias precisamos refazer as contas para ver o que conseguimos botar dentro de casa. O auxílio é uma benção, mas infelizmente não tem valor o suficiente para sustentar os meninos”, disse a entrevistada.
Sua vizinha, de 46 anos, está inscrita no programa desde novembro de 2021 e também afirma que a atual mensalidade não consegue suprir suas necessidades. “A gente não pode trabalhar, né? Pra receber. Eu busco complementar minha renda, por isso vou pro sinal vender confeito ou fico pelas praças como flanelinha, para ganhar uns trocados”.
Em ambos os casos, os filhos dependem do ensino da rede pública e nesse momento buscam aumentar o valor de suas mensalidades a partir dos benefícios extras.
“Eu vi por aí, um dia desses, que cada menino vai poder receber mil reais se participar das gincanas de esportes, né? É verdade isso? O problema é que nenhum deles vem aqui nos explicar, a gente não sabe dos nossos direitos, eles não querem que a gente saiba para não aumentar os nossos salários”, relatou uma das entrevistadas.
Questionadas sobre as chances de emprego, as duas mulheres contam que conseguem bicos como diaristas, mas que sonham com a contratação de carteira assinada como empregada doméstica.
“Para gente seria uma benção né? Ter uma renda fixa maiorzinha. Esse dinheiro do Auxílio é hoje e não é amanhã, eu mesma conheço duas pessoas que já tiveram o cadastro cancelado sem justificativa. Eu queria mesmo era um emprego como doméstica, é o que eu sei fazer, nesses tempos não consigo mais estudar. Pelo menos para lavar banheiro não preciso de diploma”, disse a moradora do Pilar.
Brasil: de volta ao mapa da fome e sem assistência social
Apesar da difícil realidade vivenciada por essas mulheres, o Ministério da Cidadania permanece compartilhando, em suas publicidades, as supostas benfeitorias das políticas públicas sociais de Bolsonaro.
Enquanto o país retorna ao mapa da fome, o chefe de estado usa a miséria como uma forma de angariar votos para as eleições do fim deste ano. Somente nas últimas semanas, foram anunciadas uma série de supostas mudanças no Auxílio Brasil que aumentariam a renda dos seus beneficiários.
De acordo com os informes disparados na imprensa e nas redes sociais, os segurados poderão receber mais R$ 200 para estimular a retomada desse público ao mercado de trabalho. Com relação a medida, é válido o questionamento sobre os espaços e cargos que atualmente são disponibilizados para quem não tem estudos. Afinal, quais empresas receberão essas pessoas?
Já no que diz respeito à mensalidade extra de R$ 1 mil que deverá ser concedida para quem participar de olimpíadas estudantis, é válido questionar: quais são os eventos acadêmicos realizados no ensino público federal?
Assim como os filhos das entrevistadas acima, há milhares de estudantes sem aulas, sem materiais ou até mesmo sem professores, tendo em vista o desmonte das políticas públicas educacionais deste país.
Para além da propaganda com efeito eleitoral imediatista, a manutenção das políticas públicas sociais do Brasil deve ser feita com base nos seus pilares de funcionamento. Isso inclui direitos básicos como alimentação, saúde, educação, moradia e lazer, que atualmente não fazem parte da realidade deste grupo.