Menos bolsa, mais renda fixa, isso é o que tem apresentado o novo movimento dos investidores brasileiros. A nova direção dos investimentos se dá pela pelo aumento do juro.
Nos últimos tempos, o brasileiro tem visto o juro subir consideravelmente e com isso tem optado por migrar da renda variável para os investimentos de renda fixa. De acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais, a Anbima, o saldo de entrada nas aplicações de renda fixa giram em torno de R$ 100 bilhões no acumulado de 2022, enquanto os fundos de renda variável apontam saques de mais de R$ 23 bilhões neste ano.
O que buscam os investidores nesse momento
Diante do momento de alta e que o mercado passa por instabilidade, a busca maior é por rentabilidade e segurança. Por isso, a migração do fluxo de recursos ganhou mais força após a decisão do Comitê de Política Monetária, o Copom, de estipular o aumento da Selic que se encontra em 11,75%.
Segundo Pedro Rudge, diretor da Anbima, a situação vem sendo analisada desde 2021. “Começamos a identificar esse movimento na metade do ano passado, quando internamente foi se concretizando um cenário de inflação e algum ruído político. Isso começou a gerar uma certa aversão ao risco”, conta Rudge. Ele completa dizendo que se trata de um movimento contrário, que inverte os caminhos em busca de menos volatilidade. “É uma inversão: os investidores reavaliaram suas alocações e viram maior atratividade dos instrumentos de renda fixa, não apenas pelo desejo de mais rentabilidade, mas por produtos menos voláteis”.
Na Bolsa, as informações da B3 apontam um grande volume de saída de recursos. A situação se difere do cenário visto em 2020, momento em que os investidores buscavam pelo mercado da renda variável, na intenção de obter maiores ganhos, mesmo diante dos riscos com a Selic marcando 2% ao ano, mínima histórica.
De acordo com os dados da Bolsa, as pessoas físicas sacaram mais de R$ 16 bilhões, no Brasil, até o momento. Enquanto isso, os estrangeiros fazem o movimento contrário investindo mais de R$ 73 bilhões na Bolsa no acumulado anual, sendo este um recorde no país.