Deslizamentos: falta de recursos faz 9 estações de monitoramento pararem

Em 2016, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), instalou equipamentos em 9 estações de monitoramento com o objetivo de acompanhar os deslizamentos de terra em tempo real. Contudo, desde janeiro de 2018 essas estações estão paradas devido à falta de verba do Governo Federal para fazer a manutenção.

Chamadas de Estações Totais Robotizadas (ETRs), o propósito é que elas funcionassem na cidade de Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro. O município famoso por ter sido território Imperial, hoje sofre um dos piores desastres naturais da história. A tragédia é decorrente das fortes chuvas que começaram desde o dia 15 deste mês.

Neste sentido, o Cemaden, órgão vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, informou sobre a necessidade de calibrar e fazer uma manutenção periódica nos equipamentos das estações de controle de monitoramento.

Ressaltando que o processo deve ser feito em laboratório para que possam funcionar efetivamente, o que não tem acontecido nos últimos tempos por falta de recursos.

Originalmente, o Cemaden foi criado em julho de 2011, época em que fortes chuvas também resultaram em deslizamentos que causaram a morte de 900 pessoas na região serrana do Rio de Janeiro (RJ). Um ano depois, o orçamento recebido pelo órgão foi de R$ 90,7 milhões, verba que não se manteve, tendo sido reduzida gradativamente até chegar aos R$ 17,9 milhões em 2021.

Vale mencionar que as estações de monitoramento dos deslizamentos também deveriam atender outras cidades cariocas além de Petrópolis, como Nova Friburgo, Teresópolis, Angra dos Reis e Mauá. As estações ainda se estendem para as regiões de Santos (SP), Blumenau (SC), Recife (PE) e Salvador (BA).

De acordo com Rodolfo Mendes, pesquisador do Cemaden, as estações de monitoramento exercem um papel auxiliar no controle pluviométrico e de umidade do solo.

Os equipamentos das ETRs são capazes de detectar deslizamentos que podem atingir imóveis em apenas alguns minutos. Entretanto, nestas circunstâncias os equipamentos não são tão eficientes para a emissão de alertas em tempo de evitar desastres.

Por outro lado, as estações de monitoramento exercem um papel crucial quanto ao planejamento e pesquisa. No caso de Petrópolis, por exemplo, a estação que hoje está inoperante, foi instalada na região do Alto Independência, que não foi uma das mais afetadas pelas chuvas intensas na última semana.

“A ruptura completa de uma rocha pode levar alguns minutos. Com as ETRs, saberíamos exatamente em que momento isso ocorreu, o que é muito importante para fins de pesquisa e também para planejamento”, declarou o pesquisador.

Laura AlvarengaLaura Alvarenga
Laura Alvarenga é graduada em Jornalismo pelo Centro Universitário do Triângulo em Uberlândia - MG. Iniciou a carreira na área de assessoria de comunicação, passou alguns anos trabalhando em pequenos jornais impressos locais e agora se empenha na carreira do jornalismo online através do portal FDR, onde pesquisa e produz conteúdo sobre economia, direitos sociais e finanças.