Bradesco tem forte lucro, mas ações sofrem brusca queda; o que ocorreu?

Em balanço divulgado nesta terça-feira (8), o Bradesco registrou lucro recorde em 2021. Apesar disso, nos últimos três meses do ano, o banco teve resultados desanimadores. Diante da visão negativa do mercado financeiro, as ações do Bradesco apresentaram queda.

No fechamento desta quarta-feira (9), diante do resultado adverso no quarto trimestre de 2021, as ações ordinárias do banco (BBDC3) caíram 8,78%, a R$ 17,21. Já os papéis preferenciais (BBDC4) registraram queda de 8,58%, a R$ 20,77.

Resultados divulgados pelo Bradesco no balanço trimestral

No acumulado de 2021, o lucro líquido recorrente do Bradesco foi de R$ 26,2 bilhões. Isso representa uma elevação de 34,7% em comparação ao ano anterior.

Contudo, no quarto trimestre de 2021, o lucro líquido recorrente foi de R$ 6,6 bilhões. Em comparação ao mesmo trimestre do ano passado, houve uma queda de 2,7%.

Nos últimos três meses do ano passado, o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) foi de 17,5%. Em relação ao ano anterior, foi observada uma diminuição de 2,5 pontos percentuais.

Os valores destinados a cobrir eventuais calotes, chamados de provisões para devedores duvidosos (PDD) chegaram a R$ 4,2 bilhões no último trimestre de 2021. Em comparação ao terceiro trimestre, houve um crescimento de 27,5%.

Contudo, em relação ao mesmo período de 2021, ocorreu uma baixa de 6,2%.
Do terceiro para o quarto trimestre, a inadimplência acima de 90 dias registrou um aumento. O percentual passou de 2,6% para 2,8%.

Analistas destacaram que, apesar do aumento do PDD, o índice de cobertura (proporção que a provisão para risco de crédito pode cobrir os créditos inadimplentes) acima de 90 dias teve diminuição.

Os analistas da XP, Matheus Odaguil e Renan Manda, observam uma baixa qualidade dos ativos no trimestre. Eles declaram que o banco elevou as provisões em grande parte, por conta, do crescimento da carteira de crédito.

Também foi destacado que o índice de cobertura reduziu no trimestre, e o índice de inadimplência aumentou. Devido a isso, os analistas acreditam “que há mais espaço para provisão nos próximos trimestres”.

Na avaliação dos analistas do Itaú BBA, por si só, o lucro líquido ter sido abaixo do consenso seria bom. No entanto, os resultados foram “menos limpos” do que o estimado — com diversos itens não recorrentes. Eles ainda declaram que o guindance (previsão) para este ano não foi inspirador.

Silvio SuehiroSilvio Suehiro
Silvio Suehiro possui formação em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). Atualmente, dedica-se à produção de textos para as áreas de economia, finanças e investimentos.