- Gastos com mercado estão corroendo a renda das famílias mais pobres
- Fatores como a crise econômica estão deixando os consumidores mais cautelosos
- 2022 será turbulento em decorrência das eleições, diz executiva
Oa gastos com supermercado estão cada vez mais pesando no bolso dos brasileiros. Cerca de um terço (36%) do consumo das classes C e D, são destinados as despesas com mercado. Na segunda colocação de gastos aparecem os restaurantes, que consomem 11% da renda.
Desta forma, quase 50% das despesas destas classes sociais são destinadas à alimentação e, em uma escala menor, com itens de higiene pessoal e limpeza.
Os dados foram levantados pelo Superdigital, do Santander e obtidos pela Folha. O ponto de partida do levantamento foi o banco de dados da Superdigital, que possui 700 mil usuários ativos em todo o Brasil e que fazem compras mensalmente com cartão de crédito ou débito. Essas pessoas tem emprego formal em regime CLT ou são trabalhadores temporários.
O levantamento vem para confirmar como a inflação dos alimentos está deteriorando a renda da população mais pobre. No mês passado, o impacto mais intenso do IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) foi oriundo do segmento de alimentação e bebidas (0,97%), que acelerou frente a dezembro (0,35%).
Luciana Godoy, CEO da Superdigital, disse à Folha que as classes C e D estão mais cautelosas quando aos seus gastos. Ela deu como exemplo o último natal em que as compras ficaram concentrados nos oito últimos dias de dezembro.
“No Natal de 2020, por sua vez, essas compras haviam sido feitas entre novembro e dezembro, já aproveitando a primeira parcela do 13º salário”, disse. Este público consumiu 13% menos no último Natal em comparação a dezembro de 2020.
Na visão de Luciana, este comportamento está ligado à falta de confiança dos consumidores diante da crise econômica e política. “As pessoas estão ressabiadas, com medo de comprar e se endividar. Esperam para saber se aquele gasto vai caber no bolso.”
Ainda de acordo com a executiva, no mês passado, aconteceu um recuo significativo nos gastos em comparação com dezembro, mais alta que um ano antes. “Mas ainda estamos apurando se essa queda está relacionada a uma redução dos gastos ou ao maior uso do Pix, que vem se tornando cada vez mais popular”, disse ela, ao ressaltar que a fintech não contabiliza os pagamentos eletrônicos instantâneos.
“Estes três primeiros meses são de muita cautela. O trabalho das classes C e D está muito atrelado ao presencial e o avanço da variante ômicron neste início de ano assustou”, completou.
Paralelo a isso, a adiamento ou cancelamento de festas de carnaval nas cidades compromete as expectativas de ganhos destes trabalhadores.
A pesquisa também apontou que as compras da classes C e D pela internet caíram, fatia de gastos realizados pela internet caiu de 17% em agosto para 13% em dezembro.
“Esse público circulou mais em dezembro, daí o aumento nos gastos com transporte, que apresentou a maior variação no mês –de 9%– em comparação a novembro”, disse.
Os outros segmentos que mais cresceram em dezembro em comparação com o mês anterior foram hotéis e motéis (8%), supermercados (8%), lojas de roupas (7%) e lojas de artigos diversos (5%).
Luciana falou também sobre as expectativas para este ano. Segundo ela, 2022 será turbulento em decorrência das eleições.
“Mas ao mesmo tempo vemos o avanço da vacinação, o que é importante para garantir as atividades presenciais, e a manutenção do nível de contratação em algumas indústrias como a de construção civil, que são fatores positivos.”
Dicas especiais para economizar
- Saiba o quanto pode gastar
Antes de sair de casa, estabeleça o quanto pode gastar no mercado. Cada família deve adequar este gasto a sua renda, ou seja, não existe uma quantia ideal. Fazendo isso, você evita imprevistos.
- Faça uma lista
Saber exatamente o que precisa comprar deixa sua ida ao mercado mais objetiva. Desta forma, você evita o “passeio” pelos corredores e aquela tentação em pegar itens que não fazem parte das duas necessidades.