- O Ibovespa está entre os piores índices ao considerar a taxa de câmbio;
- A B3 tem sido impactada pelo cenário local nacional;
- Investidores seguem preocupados com o ambiente fiscal.
Neste ano, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira (B3), registra a segunda maior desvalorização no mundo. O desempenho do Brasil está à frente apenas da bolsa da Venezuela. O ranking foi realizado pela agência de classificação de risco Austin Rating, a pedido do G1.
Para a realização do ranking, foi considerada a variação de 79 índices internacionais — em bolsas de 78 países.
O levantamento abrange o resultado acumulado no ano, até o fechamento de novembro. Em 2021, a pesquisa informa que o Ibovespa Brasil teve redução de 14,4%.
O resultado brasileiro esteve acima apenas do IBC, índice da Venezuela, que registrou queda de 99,5%. Este país sul-americano vem passando por um cenário de hiperinflação há anos.
Dos 79 índices consultados, nove registraram desvalorização no ano, em moeda local. Estas são as dez piores bolsas:
- IBC Venezuela: -99,5%
- Ibovespa Brasil: -14,4%
- HSI Hong Kong: -13,8%
- MSE Malta: -9,1%
- KLCI Malásia: -7,0%
- NZX ALL Nova Zelândia: -4,9%
- FTSE Colômbia: -3,8%
- S&P/BVL Peru: -2,0%
- KOSPI Coreia do Sul: -1,2%
- NIKKEI 225 Japão: 1,4%
De modo geral, a mediana das variações das bolsas globais foi de aumento de 13,6% no ano. Ou seja, o Brasil vem seguindo na contramão da tendência mundial dos mercados acionários.
Desempenho das bolsas globais considerando a taxa de câmbio
Segundo o ranking do desempenho dos índices acionários convertidos em dólar, a bolsa de valores brasileira também está entre os piores. O Ibovespa ocupa a terceira posição, com desvalorização de 20,9%.
O Brasil fica atrás somente do IBC Venezuela (-99,5%) e BIST 100 Turquia(-31,2%) — cuja moeda já desvalorizou mais de 40% neste ano. Considerando a taxa de câmbio, 21 bolsas mundiais tiveram desvalorização. Estes foram os dez piores resultados no ano:
- IBC Venezuela: -99,5%
- BIS 100 Turquia: -31,2%
- Ibovespa Brasil: -20,9%
- FTSE Colômbia: -17,6%
- MSE Malta: -16,6%
- HSI Hong Kong: -14,3%
- S&P/BVL Peru: -12,7%
- KLCI Malásia: -10,9%
- NZX ALL Nova Zelândia: -10,7%
- KOSPI Coreia do Sul: -9,3%
Cenário interno vem afetando o desempenho da bola brasileira
De acordo com o economista-chefe da Austin Rating e autor do levantamento, Alex Agostini, ao G1, o Brasil tem um desempenho adverso devido a problemas domésticos.
Segundo ele, o principal aspecto é a perda de confiança no futuro econômico. Agostini argumenta que os investidores demonstram preocupação com o ambiente fiscal.
O economista explica que as bolsas tendem a refletir o momento da economia. Elas possuem um impacto imediato. Parte disso, ainda é de expectativa futura, de acordo com Agostini.
O autor do levantamento alega que o Brasil vem passando por uma forte desaceleração. Além disso, o país tem uma projeção menor do que a média mundial.
Atualmente, o Brasil passa por um período de grande inflação e aumento dos juros. O país também passa por uma fase de incertezas fiscais — depois da proposta do governo para driblar o teto de gastos, com o intuito de ampliar espaço no Orçamento.
Nos últimos meses, o Ibovespa também foi desfavorecido pela tendência dos investidores em aplicar na renda fixa. Isso acontece por conta dos aumentos constantes da taxa Selic ao longo do ano.
No começo de 2021, a Selic estava em 2% ao ano, mas passou a subir em março. O mercado financeiro estima que a taxa básica de juros chegará a 9,25% ao ano. Nesta quarta-feira (8), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central definirá a nova Selic.
Caso a projeção se confirme, o percentual aumentará para 9,25% ao ano.
O mercado financeiro ainda tende a passar por instabilidade por conta da piora das projeções econômicas — e a proximidade das eleições presidenciais de 2022.
Desempenho recente do Ibovespa
Em novembro, o Ibovespa registrou queda de 1,53%, fechando aos 101.915 pontos. Este foi o menor patamar desde 6 de novembro de 2020, quando estava aos 100.925 pontos. O resultado de novembro representa o quinto mês consecutivo de perdas no índice.
Apesar disso, nos últimos dias, o principal índice da B3 passou por altas. Em dezembro, o Ibovespa já registra elevação de 5,86%. No último fechamento, desta terça-feira (7), o índice variou 0,65%, aos 107.558 pontos.