As ações da B3, uma das apostas principais do mercado no começo do ano, acumularam uma queda de 40% desde seu pico em fevereiro. Entre as razões mais relevantes para a queda dos papéis está a redução da expectativa para a economia local, que já está diminuindo o número de aberturas de capital na bolsa e a queda do número de novos investidores.
“As ações da B3 têm uma correlação negativa com os juros. Qualquer coisa que piorar o cenário macroeconômico, como um resultado da eleição que desagrade o mercado ou um desfecho ruim para a PEC dos Precatórios, pode gerar quedas acentuadas no papel”, disse Larissa Quaresma, analista da Empiricus.
Quando os papéis da B3 estavam perto da máxima história no início de 2021, o Focus tinha um expectativa de crescimento de cerca de 2% para os próximos dois anos, com Selic e IPCA abaixo de 6% e 3,25% ao ano, respectivamente.
Atualmente, o entendimento geral é de que o PIB não irá aumentar mais que 1% no próximo ano, a Taxa Selic irá fechar em 11% em 2022 e o IPCA irá ficar acima da meta até 2023. Diante das preocupações fiscais que insistem em ficar, quando elas não crescem, a tendência das estimativas é seguir piorando.
“Com Selic bem mais alta, grande queda do Ibovespa e investidores de varejo com tendência de retomada da renda fixa, o menor giro e a capitalização de mercado deve pressionar o segmento de ações”, dizem os analistas do BTG Pactual através de relatório.
Na visão de Larissa, os papéis devem sofrer forte volatilidade no curto prazo, motivado por questões macroeconômicas. O crescimento de receita da B3 depende muito de novos investidores, por isso as ações são tão inversamente correlacionadas aos juros. É uma posição mais arriscada dado o momento mais turbulento”, disse.
Ela acredita que as ações da bolsa brasileira podem ser um ótimo investimento para investidores que pensam no longo prazo, de pelo menos 3 anos.
“Menos de 5% da população brasileira investe diretamente na bolsa, enquanto nos EUA, essa proporção é de 15%, sem contar aqueles que investem por meio de fundos. Se o Brasil continuar nesse ritmo, a perspectiva estrutural é muito boa para a ação”, disse.