- A argentina Mercado Livre lidera o e-commerce brasileiro;
- Outras varejistas brasileiras apresentam saldo positivo em “poder de fogo”;
- Empresas asiáticas também passaram a investir no Brasil.
Ao longo dos meses, o e-commerce vem ganhando cada vez mais espaço no mercado brasileiro. Diversas varejistas, com isso, disputam espaço pela atenção dos consumidores no meio digital. Entenda como está a disputa pelo comércio eletrônico no país.
No primeiro semestre deste ano, as vendas dos varejistas pela internet tiveram alta de 31%. A informação foi levantada pela pesquisa Webshoppers, divulgada pela E-bit/Nielsen. As aquisições no período somam R$ 53,4 bilhões.
Nesta primeira metade do ano, de forma digital, 6,2 milhões de consumidores fizeram pedidos pela primeira vez. Ainda foi informado que houve o registro de 100 milhões de encomendas. No ano passado, conforme a E-bit/Nielsen, o brasil contava com 79,7 milhões de consumidores digitais.
Ao Valor, o líder de e-commerce da E-bit/Nielsen, Marcelo Osanai, alega que a pandemia de covid-19 potencializou o processo de entrada no comércio eletrônico. Mesmo após este período, ele acredita que deve continuar a tendência de evolução constante do e-commerce.
Mercado Livre lidera o e-commerce no país
Conforme analistas do BTG Pactual, o Mercado Livre desponta como líder no e-commerce. Nesta segunda-feira (15), a empresa argentina anunciou uma oferta primária de 1 milhão em ações ordinárias. A projeção é de que o follow-on capte US$ 1,8 bilhão.
Com isso, os analistas acreditam que o movimento deve assegurar o posicionamento da varejista como um líder de mercado. Segundo o banco, o Mercado Livre teve destaque no investimento em logística, que facilitam as entregas aos consumidores.
Mesmo que a pandemia tenha afetado o setor de varejo, a companhia elevou a penetração da rede proprietária e oferta de atendimento entre os vendedores. Esta etapa é vista como essencial para aperfeiçoar os níveis de serviço.
Diante da captação de R$ 8,5 bilhões em follow-on, o Mercado Livre se tornou a companhia do setor com mais caixa para realizar investimentos. Desse modo, ela está à frente de varejistas brasileiras, como Magazine Luiza, Via Varejo e Americanas.
Segundo analistas do Credit Suisse, Victor Saragiotto e Pedro Pinto, o Mercado Livre possui mais “poder de fogo” para seguir investindo em uma aceleração sustentável.
Situação de varejistas brasileiras do e-commerce
Ao considerar as varejistas nacionais, o Magazine Luiza, por exemplo, ocupa a segunda posição na lista das empresas com “poder de fogo”. No segundo trimestre, a varejista tinha R$ 7,7 bilhões em caixa para investir.
No entanto, o banco estima que a empresa já consumiu R$ 1 bilhão na compra da KaBuM!.
Em terceiro lugar, está a Americanas, com R$ 3 bilhões. Também aparece na lista a Via, com R$ 610 milhões.
Com relação à captação bilionária do Mercado Livre, a XP analisa que esta é uma notícia negativa para as companhias do setor de comércio eletrônico. Isso ocorre porque concede mais liquidez para o líder de mercado no país — de forma a causar pressão à competição no Brasil.
Ainda cabe destacar que o cenário já tem sido observado como negativo para a maioria das companhias do setor. As empresas estão pressionadas pelo contexto de aumento dos juros.
Outro aspecto que tem afetado as empresas, de modo geral, é a inflação. Em outubro, a inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) aumentou para 1,25%. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A inflação de outubro representa o maior índice para o mês desde 2002. Na ocasião o IPCA havia sido de 1,31%. Em setembro deste ano, a inflação foi de 1,16%. No acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA chega a 10,67%.
Varejistas asiáticas também buscam espaço no Brasil
Companhias asiáticas, como a chinesa AliExpress e a singapurense Shopee, vêm aumentando as atuações no Brasil. Como forma de aumentar a participação local, as empresas passaram a diminuir o tempo de entrega de produtos.
A plataforma também se tornou aberta para os lojistas do Brasil. A parte de marketing também se intensificou. A Shopee, por exemplo, veiculou um comercial com a participação do ator Jackie Chan — inclusive, falando em português.