As taxas de juros estão em plena ascensão. E como fica para quem quer comprar um carro? Será melhor financiar ou aderir a um consórcio?
No final de semana estive conversando com um amigo que deseja trocar de automóvel e fizemos algumas cotações de taxas junto a alguns bancos e também fizemos simulações de consórcio.
Há quem seja mais taxativo e diga que o ideal é fugir tanto do consórcio como do financiamento. Mas como eu sempre falo aqui na coluna: não existe uma regra.
As decisões de uso do dinheiro não consideram apenas as perspectivas matemáticas e financeiras, mas também as circunstâncias e as necessidades de cada indivíduo em determinado momento.
Quando a decisão envolve a compra de um bem de alto valor, como um veículo, por exemplo, poucas pessoas terão o recurso para pagar tudo à vista e, dependendo da urgência, talvez seja necessário sim recorrer a um consórcio ou financiamento.
Em outros casos, a pessoa até terá o recurso para efetuar a compra à vista, mas tem receio de ficar sem reserva financeira e, portanto, prefere deixar o dinheiro investido e arcar com os custos da compra à prazo.
O que então deve ser considerado antes de decidir por um consórcio ou um financiamento?
Vantagens x Desvantagens
Uma das principais diferenças entre as duas modalidades é que, com o consórcio, você pode demorar um pouco mais para ter o seu bem. No caso do financiamento, você terá acesso praticamente imediato ao seu novo automóvel.
Uma das desvantagens do financiamento em relação ao consórcio é que na maioria dos casos há a exigência de pagar um valor mínimo de entrada.
As taxas de juros também costumam ser altas, podendo haver cobrança de tarifas e taxas extras. Desta forma, ao término do contrato, a pessoa acaba pagando muito mais do que o preço original do automóvel.
No caso dos consórcios, não há exigência de pagamento de um valor mínimo de entrada. Os participantes dividem o valor total da carta de crédito pelo número de parcelas. Porém, podem ser cobradas taxas de administração que variam em torno de 9% a 20% do valor do carro.
É possível desistir do consórcio no meio do caminho, mas o valor a ser devolvido é descontado da taxa de desistência, que, geralmente, varia entre 10% a 30% do total efetivamente pago.
Entretanto, o consórcio é ideal para quem não tem necessidade de lançar mão do bem de forma imediata ou está disposto a contar com a sorte.
Para receber a carta de crédito é preciso ser sorteado ou oferecer o maior lance, ou seja, oferecer um montante de dinheiro expressivo para antecipar a aquisição do veículo.
Mesmo que o valor do lance seja alto, não é garantido que você será contemplado, portanto, se você não pode esperar, o consórcio pode não ser a melhor opção para você. Entretanto, essa opção geralmente será menos custosa que o financiamento.
Um ponto a ser considerado com relação ao consórcio e que poucas pessoas de fato consideram é que você pode ser o último a ser sorteado.
É natural as pessoas se acharem mais sortudas que as demais, mas em todo consórcio sempre haverá um último e ele pode ser você.
Mas para pessoas que têm dificuldades em serem disciplinadas para poupar, o consórcio é uma forma de manter o comprometimento, pois mensalmente elas terão uma obrigação em forma de boleto para pagar.
Simulações
Em via de regra, o ideal é sempre fazer simulações e verificar a diferença de valores. Por exemplo, eu e o meu amigo fizemos uma simulação para um valor de crédito de R$ 37.956,00.
No caso do financiamento, para pagamento em 48 meses, a taxa oferecida foi de 1,58% ao mês, o valor das parcelas seriam de R$1.214,87 e o valor total a ser pago ao final do financiamento seria de R$ 90.357,76, ou seja, mais do dobro do valor financiado.
Já a simulação do consórcio, para o mesmo prazo, a taxa de administração foi de 9% e o fundo de reserva total de 2%. O valor das parcelas seria de R$ 877,73 e o valor total a ser pago ao final, com as taxas, seria de R$ 42.131,16.
Logo, para esse exemplo específico, considerando que o meu amigo não tem urgência para comprar o novo carro, o consórcio seria uma opção mais vantajosa.