Empreendedores e o WhatsApp: Como pane pode diminuir lucro das pequenas empresas?

Pontos-chave
  • Queda das redes provocou caos para pequenas empresas;
  • Empresas precisam de um Plano B para situações como essa;
  • Mundo dos negócios será cada vez mais digital.

A última segunda, 4, ficou marcada pela queda geral que tirou o Facebook, Instagram e WhatsApp do ar em todo mundo, por mais de seis horas. Este “apagão” evidenciou a enorme dependência de grande parte do comércio, em especial os menores, deste tipo de rede social. Entenda os impactos causados.

Empreendedores e o WhatsApp: Como pane pode diminuir lucro das pequenas empresas?
Empreendedores e o WhatsApp: Como pane pode diminuir lucro das pequenas empresas? (Imagem: Brett Jordan/Pexels)

No total, 60% das micro e pequenas empresas brasileiras utilizam o WhatsApp para se comunicar com os clientes. Em decorrência das perdas causadas pela queda no sistema, especialistas orientam que o comércio deve possuir planos de contingência e buscar ampliar os canais de comunicação e vendas.

Luca Belli, professor coordenador do Centro de Tecnologia e Sociedade (CTS) da FGV Direito Rio, fala em reportagem do O Globo que depender totalmente destas redes coloca o funcionamento dos negócios em risco e evidencia “a vulnerabilidade de nossas economias”.

“São empresas que coletam tudo sobre nossos dados. Elas não são as únicas que existem, mas por que são as únicas utilizadas? Os serviços são muito bons, mas pode haver acidente, falha e disrupção. É pouco estratégico confiar cegamente”, afirmou.

O professor segue e afirma que estes são os únicos aplicativos que são oferecidos gratuitamente pelas operadoras, ou seja, o uso delas não é descontado da franquia. Como são os únicos apps patrocinados, eles impactam, em especial, as pessoas de baixa renda.

Esta mudança para o ambiente digital fez com que o comércio também migrasse para o Facebook, Instagram e WhatsApp. O impacto é maior, porém, ficam na base da pirâmide econômica.

Nathan Ribeiro, de 24 anos, possui um negócio de artigos de decoração e utiliza somente as redes sociais para vender. O apagão, segundo ele, causou um prejuízo de R$1.000.

“As pessoas fazem os pedidos via Instagram ou Facebook, que redirecionam para o WhatsApp. As vendas pararam. Cheguei a mandar dois e-mails para o Facebook, porque anuncio lá, mas só recebi uma mensagem automática”, disse em entrevista ao Globo.

Notificação 

O Procon notificou o Facebook a prestar esclarecimentos. Dependendo do que for respondido, a empresa terá que ressarcir aos usuários os danos materiais causados e ainda pagar uma multa de cerca de R$10 milhões. 

Os especialistas acreditam que como as operadoras de telefonia oferecem planos com gratuidade de uso para essas redes, a prática acaba aumentando a dependência destas plataformas.

Luca sugestiona que os aplicativos patrocinados acabem, da mesma forma que é feito na Índia, ou que todas as redes sociais possuam as mesmas vantagens para competir no mercado.

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Queda das redes (Imagem: Pixabay)

Plano B

De acordo com o Sebrae, as mídias sociais próprias, como sites, blogs e lojas virtuais são essenciais para que a empresa marque terreno no mundo digital. Elas são uma forma de manter um contato com os clientes caso as redes sociais caiam.

Juliana Abrusio, sócia de Tecnologia e Proteção de Dados do Machado Meyer Advogados, diz que os negócios que utilizam essas plataformas necessitam de um plano de contingência.

“Uma eventual responsabilização pelos prejuízos precisa identificar as causas do problema. E os prejuízos teriam que ser comprovados. Tem que ter muita cautela. Em termos jurídicos, nenhum desses contratos (com as plataformas) requer exclusividade. Por isso, o incidente está trazendo a necessidade de estabelecer uma contingência e um “plano B”, disse.

Mundo cada vez mais digital 

Mesmo com este pânico provocado pela queda geral, o mundo dos negócios será cada vez mais digital, diz Luiza Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza.

“Ontem (segunda, dia 4), a gente ficou seis horas sem (as redes sociais), e as pessoas ficaram perdidinhas. Mas o digital é uma realidade. Não é um aplicativo, um software, um site, é uma forma de lidar. O digital é totalmente diferente de sofisticado, é um simples rápido”, disse Luiza.

Paulo AmorimPaulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.