O consumo de carne pelos brasileiros em meio a pandemia despencou para o menor patamar em 25 anos, segundo dados do governo. Para chegar neste resultado o governo considera a disponibilidade interna do produto, subtraindo o volume da produção nacional que foi exportada.
Os preços dos cortes bovinos cresceram ao passo que a população perde renda. Este crescimento recorde na arroba do boi gordo, prejudica o consumo de carne no país, enquanto a China está importando o produto de uma forma nunca antes vista.
Atualmente, cada brasileiro está comendo 26,4 quilos de carne por ano, uma queda de cerca de 14% em comparação com 2019, antes da pandemia. Este é o menor índice desde o começo da série histórica da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) em 1996.
Entre janeiro e abril deste ano, o consumo de carne por pessoa caiu cerca de 4% em comparação com o ano passado, segundo a Conab.
“A questão da pandemia trouxe desemprego e perda de renda e isto empobreceu a população e também gerou perda de poder aquisitivo, enfraquecendo o consumo interno da proteína”, disse à Reuters Guilherme Malafaia, pesquisador do setor de bovinos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Com o preço da carne nas alturas, os brasileiros tiveram que ir em busca de outras opções mais baratas como frango e suínos. Isto também acabou levando o consumo de ovos no Brasil a atingir o maior nível nos últimos 20 anos.
O preço do ovo não aumentou como o do frango, em que a alta acompanhou a inflação dos alimentos. Do lado da oferta, a alta do preço das carnes no Brasil também é reflexo dos maiores custos de produção.
A falta de bovinos para abate nas empresas provoca uma ociosidade na indústria de 35% a 40%. Caso a empresa tenha autorização para exportar, ela dá preferência para vender para países como a China, que paga em dólar e os custos acabam sendo cobertos.
Pelo lado das aves e suínos, o vilão é o milho, o principal ingrediente da ração, que teve seu preço dobrado no último ano. Porém, mesmo com custos mais elevados, os produtores de frango e suínos conseguiram aumentar a disponibilidade interna dos dois tipos de proteína.