Pesquisas relevam que população de baixa renda é a que mais sofre pela contaminação do novo coronavírus. Na última semana, a revista científica BMJ Global Health publicou um artigo onde releva que os mais pobres devem ser priorizados nas filas de vacinação contra a covid-19. De acordo com o estudo, trata-se do grupo mais afetado, resultando na proliferação do vírus.
Há mais de um ano convivendo com o novo coronavírus, diversos países pelo mundo lutam para conter a proliferação da doença. No Brasil, mais de 400 mil pessoas foram mortas por ela e a campanha de vacinação vem sendo determinada por faixa etária. No entanto, estudos revelam que os mais pobres deveriam ser primeiramente imunizados.
Prioridade na vacinação para quem precisa
A principal forma de proliferação pelo novo coronavírus é justamente o contato com outras pessoas. Se tratando de uma doença que se manifesta pelo ar, o isolamento tem sido um ponto crucial para conter o número de infectados.
Porém, é válido ressaltar que ficar em casa não é uma alternativa para milhares de pessoas. Se tratando de um país com um dos maiores índices de desigualdade social, o Brasil deveria priorizar os mais pobres em sua campanha de vacinação.
Isso porque, trata-se do grupo de pessoas que precisam estar nas ruas para garantir o sustento de sua família. Pontos de ônibus e transportes coletivos de modo geral têm se relevado um grande centro de concentração e proliferação da covid-19.
Diante disso, “Os bairros de mais alta renda e de população branca começam a se isolar antes, se isolam mais rápido, e se isolam com mais intensidade. E, depois, conseguem manter esse isolamento”, afirma Rafael Pereira, um dos autores da pesquisa e especializado em estudos urbanos no Ipea. “Por isso, à medida em que terminarmos de vacinar o grupo de risco, seria importante o governo usar critérios socioeconômicos”, diz.
Na Universidade de Oxford o debate defende a mesma priorização relacionada aos grupos mais vulneráveis. Pessoas pretas, pobres e de baixa renda devem estar na frente nas campanhas de imunização, pois são aquelas que precisam diariamente se expor ao risco de ser contaminado.
“Não faz sentido vacinar primeiro uma pessoa que pode continuar em casa“, diz Pereira.