ARAGUARI, MG — Você já se perguntou por que a conta de luz aumenta mesmo quando o seu consumo permanece o mesmo? Esse é um questionamento comum entre os brasileiros e tem explicações que vão muito além do simples uso de energia elétrica.
A tarifa da energia elétrica é composta por diversos fatores, como impostos, encargos setoriais, reajustes anuais e variações nas bandeiras tarifárias que, mesmo sem alteração no consumo, podem elevar significativamente o valor a pagar no final do mês.
Especialistas do setor energético explicam que o modelo tarifário brasileiro é complexo e envolve custos fixos e variáveis, que vão desde a geração até a distribuição da energia. Isso significa que, mesmo que o consumidor mantenha os mesmos hábitos de consumo, ele pode ser afetado por alterações em toda essa cadeia.
Impostos e encargos consomem uma fatia significativa da conta de luz
De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), mais de 40% do valor da conta de luz é composto por tributos e encargos setoriais. Entre os impostos estão o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), o PIS/Pasep e a Cofins. Já os encargos financiam programas do governo, como o Luz para Todos e subsídios para fontes renováveis, como a solar e a eólica.
Esses valores são atualizados periodicamente e podem variar de acordo com a política fiscal de cada estado. Ou seja, um reajuste no ICMS, por exemplo, pode aumentar a fatura de energia sem que o consumidor tenha utilizado mais eletricidade.
Reajustes anuais e revisões tarifárias impactam a conta de luz
Outro fator que pesa na conta de luz são os reajustes tarifários autorizados anualmente pela Aneel. Esses reajustes consideram fatores como inflação, custo de operação das distribuidoras e investimentos em infraestrutura.
Além disso, há as revisões tarifárias periódicas, que reavaliam toda a estrutura de custos da distribuidora. Em 2024, por exemplo, a Aneel autorizou reajustes superiores a 10% em diversas concessionárias, impactando diretamente o bolso dos consumidores residenciais.
Bandeiras tarifárias são um sinal de alerta para o custo da energia
As bandeiras tarifárias são um sistema criado pela Aneel para indicar o custo real da geração de energia no país. Elas funcionam como um semáforo:
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Bandeira verde – SEM COBRANÇA – condições favoráveis de geração de energia;
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Bandeira amarela – R$ 1,885 a cada 100 kWh – condições menos favoráveis de geração de energia;
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Bandeira vermelha – R$ 4,463 a cada 100 kWh – condições difíceis de geração de energia; acionamento de usinas mais caras;
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Bandeira vermelha 2 – R$ 7,877 a cada 100 kWh – condições mais complicadas de geração de energia; acionamento de usinas mais caras.
Mesmo com o mesmo consumo, se o país entra em um período de bandeira vermelha, o valor da conta de luz sobe, pois há uso intensificado de usinas termelétricas, que são mais caras e poluentes.
Condições climáticas e o uso das termelétricas
Em anos de estiagem ou escassez de chuvas, os níveis dos reservatórios das hidrelétricas, principal fonte de energia no Brasil, ficam baixos, exigindo o acionamento das usinas termelétricas. O custo da energia gerada por termelétricas é muito mais alto, o que eleva o preço médio da energia e, por consequência, impacta todas as tarifas. Além disso, a seca pode elevar a demanda por aparelhos de ar-condicionado e ventiladores, aumentando ainda mais a pressão sobre o sistema elétrico.