ARAGUARI, MG — O governo federal avalia mudanças no modelo atual do vale-refeição, que pode deixar de ser oferecido por meio de cartões tradicionais. A proposta prevê o uso do Pix para realizar os pagamentos diretamente aos trabalhadores. A possível reformulação está sendo discutida no contexto da atualização do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT). A medida visa ampliar a liberdade de escolha e o acesso aos recursos.

Se aprovada, a mudança permitirá que o benefício seja depositado em qualquer conta, independentemente da instituição financeira. A iniciativa busca modernizar e simplificar o sistema de alimentação corporativa. O debate sobre o futuro do vale-refeição ganhou força diante dos altos custos cobrados por empresas que operam no setor. Essas companhias reduzem o valor final do benefício ao aplicar taxas sobre os comerciantes.
Com a possível reformulação do vale-refeição, o governo estuda cortar a intermediação dessas operadoras. A ideia é repassar o valor diretamente ao trabalhador, sem tarifas escondidas. A proposta busca tornar o sistema mais justo e eficiente, garantindo que o benefício chegue integralmente a quem realmente precisa: o profissional que depende dele para se alimentar no dia a dia.
Entenda o objetivo do novo modelo do vale-refeição
A reformulação do vale-refeição está no centro das estratégias do governo para enfrentar os impactos da inflação nos alimentos. O objetivo é proteger o poder de compra, especialmente entre os brasileiros de menor renda. Com o novo modelo, a ideia é evitar que parte do benefício seja consumida por taxas cobradas por empresas intermediárias. A proposta busca garantir o valor integral ao trabalhador.
A análise vem sendo conduzida pela equipe econômica como uma resposta direta às pressões sociais e políticas. A expectativa é que a medida ajude a fortalecer a base de apoio popular ao governo. Técnicos do governo avaliam que mudanças na legislação são essenciais para a implementação das novas regras do vale-refeição.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que decisões importantes foram tomadas após uma reunião com outros ministros e o presidente do Banco Central, no dia 9 de abril. Um dos principais pontos de discussão é a possibilidade de transferir os recursos diretamente aos trabalhadores, o que poderia permitir o uso do vale-refeição em outras despesas, não restritas à alimentação.
Essa flexibilização gera divergências entre os especialistas do governo. Embora a proposta traga inovação ao sistema de benefícios, ela enfrenta resistência de empresas de cartões. O setor argumenta que a intermediação atual ajuda a controlar o uso adequado do vale-refeição e promove escolhas alimentares mais saudáveis.
“Nós temos que trabalhar internamente aqui para ver se elas [definições] são juridicamente viáveis para, no prazo de mais ou menos 30 dias, termos uma primeira iniciativa de regulamentação do PAT em benefício do trabalhador”, disse Haddad.