SALESóPOLIS, SP — Com o avanço da medicina tem crescido o número de diagnósticos de mulheres com TEA (Transtorno do Espectro Autista). Ao ser comprovado por perícia médica que existe incapacidade mental devido a essa condição é possível receber R$ 1,5 mil do governo.

(Foto: Jeane de Oliveira/FDR)
O TEA, ou autismo como costuma ser mais chamado, não é uma doença, mas sim uma condição da pessoa. E afeta, principalmente, a maneira como as pessoas se comportam, socializam e se comunicam com os outros.
A descoberta de casos tem subido. De acordo com o relatório divulgado em 2023 pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, em 2020, uma a cada 36 crianças estadunidenses de até 8 anos havia sido diagnosticada com autismo.
De acordo com a psicóloga Marina Almeida, especialista em autismo, entre as crianças, o autismo é sobre quatro vezes mais comum em meninos do que em meninas. Porém, cada vez mais mulheres adultas têm descoberto seu diagnóstico com TEA.
Segundo as classificações médicas, o TEA é dividido em três níveis de suporte: nível 1, nível 2 e nível 3, aumentando a quantidade de ajuda necessária para realizar atividades do 1 para o 3.
“O que a gente vê na clínica é que há um aumento no diagnóstico de pessoas adultas, especialmente de mulheres, que têm buscado o diagnóstico de autismo de forma tardia. Geralmente essas pessoas são classificadas como nível 1 de suporte, e se adaptaram à escola, universidade, ao trabalho, mesmo com bastante dificuldade”, afirma o neuropsicólogo e doutor em psicologia Mayck Hartwig, para a coluna de Drauzio Varella.
Adultos com autismo podem receber ajuda do governo?
Os adultos que conseguirem provar que são autistas podem ter acesso a benefícios que são dedicado a pessoas com algum tipo de deficiência intelectual, o que não significa que poderão receber ajuda financeira.
Esses benefícios podem incluir:
- Passe livre em transporte público, mediante comprovação por carteirinha;
- Descontos na compra de carro zero km;
- Descontos na cobrança de impostos, como IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículo Automotor) e IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano);
- Prioridade em vagas para creche, escolas e outros;
- Descontos em eventos culturais de organização pública ou privada.
Mulheres com autismo podem receber o BPC?
Nem sempre mulheres com autismo poderão receber o BPC (Benefício de Prestação Continuada), ou qualquer outro tipo de auxílio por incapacidade pago pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
O motivo é que muitas vezes essa condição não torna essa mulher de fato incapaz. Quer dizer, ela pode continuar trabalhando, se socializando e realizando suas atividades normalmente, porém justificando alguns comportamentos devido ao TEA.
Normalmente, os casos que impedem a socialização são de autismo de nível 2 ou 3, quando são considerados mais graves, porque possuem sintomas como: dificuldade de fala, impossibilidade de realizar atividades sozinho, crises.
Para receber o BPC que libera uma vez por mês o valor de R$ 1.518, será preciso:
- Estar inscrito no Cadastro Único;
- Possuir renda familiar de 1/4 do salário mínimo por pessoa, que devido ao aumento do piso passou a ser de R$ 3179,50 em 2025;
- Ser idoso com mais de 65 anos de idade; ou
- Ser pessoa com deficiência de qualquer idade;
- Necessário comprovar a situação de vulnerabilidade e de incapacidade.
Como é calculada a renda per capita da família
- Devem ser somados todos os rendimentos por pessoa;
- O valor deve ser dividido pelo número de pessoas que vivem juntos.
Exemplo: Na casa de João ele vive com sua esposa Maria, e seus três filhos menores de 18 anos. João tem rendimento de R$ 800 trabalhando de maneira informal, Maria é dona de casa e não tem renda, e as crianças não possuem renda.
Logo, os R$ 800 devem ser divididos por 5 pessoas que moram na mesma casa, e a renda per capita é de R$ 160.
Pessoas com deficiência intelectual conseguem benefícios do INSS?
Depende! Se conseguirem comprovar por perícia médica que a sua deficiência intelectual o impede de trabalhar, então o INSS pode conceder os benefícios previdenciários como:
- Auxílio-doença – afastamento temporário do trabalho;
- Aposentadoria por invalidez – quando o trabalhador é totalmente afastado do trabalho, sem possibilidade de ser realocado em nenhuma função.
Um ponto importante a ser observado é que para os especialistas os casos de autistas não aumentou, mas o que tem crescido é o diagnóstico de pessoas com o TEA, muito porque hoje há mais informação sobre o assunto.