A fumaça das queimadas que se espalha por diversas regiões do Brasil, do Pantanal a São Paulo, está tornando o ar quase inalável e escurecendo o céu, intensificando as ondas de calor. Essas mudanças climáticas visíveis podem também ter repercussões econômicas, afetando diretamente o bolso dos brasileiros.
Embora os incêndios e a fumaça das queimadas estejam devastando a biodiversidade e exacerbando a seca, o impacto imediato nas despesas com alimentos ainda requer análise cuidadosa. Economistas alertam para a necessidade de cautela antes de concluir que a inflação dos alimentos já sofreu alta devido às queimadas.
Os incêndios não só prejudicam o meio ambiente, mas também elevam os custos dos produtos agrícolas cultivados nas áreas afetadas, amplificando as dificuldades enfrentadas pelos consumidores.
A fumaça das queimadas está alterando o cenário ambiental e econômico no Brasil, mas é crucial contextualizar suas implicações. A economista Carla Beni, professora de MBA na Fundação Getulio Vargas (FGV), destaca que, conforme dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a desinflação foi de 0,02% em agosto.
A especialista adverte contra o uso das queimadas como justificativa para o aumento de preços de itens que ainda possuem estoque substancial e não foram diretamente impactados, semelhante às práticas observadas em postos de gasolina que antecipam reajustes. Tal atitude é considerada imoral e engana os consumidores.
Impactos econômicos da fumaça das queimadas
Carla Beni, economista da FGV, observa que a produção de cana-de-açúcar, por exemplo, tem 75% voltada para exportações e 25% para o mercado interno, o que implica uma possível elevação nos preços nos próximos meses devido à devastação.
No entanto, Beni destaca que a elevação imediata de preços para hortaliças e frutas como abacate, laranja e limão não é garantida. A variação nos preços dependerá do nível de estoque disponível.
A intensidade da fumaça das queimadas ainda não permite uma avaliação precisa de seu impacto imediato na inflação. Contudo, os economistas alertam que, dependendo da duração da crise e dos níveis de estoque, existe um risco significativo de que alguns alimentos possam sofrer aumentos de preço nos próximos meses, como:
-
Abacate;
-
Açúcar;
-
Cortes de carnes;
-
Frango;
-
Hortaliças;
-
Laranja;
-
Leites e derivados;
-
Limão.