FGTS-aniversário é ruim? Brasileiros respondem se querem fim ou continuação dessa modalidade

Desde o início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) há discussões no Ministério do Trabalho sobre o fim do saque-aniversário do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). A pesquisa Radar Febraban revelou se os brasileiros concordam, ou não, com essa proposta. 

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FGTS-aniversário é ruim? Brasileiros respondem se querem fim ou continuação dessa modalidade
(Foto: FDR)

 

O saque-aniversário do FGTS começou a funcionar em 2020, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). Naquela época o objetivo do governo ao colocar o saldo do fundo de garantia a disposição dos trabalhadores tinha haver com a movimentação econômica do país, gerando mais renda. 

O FGTS-aniversário é uma opção adversa ao saque-rescisão. Isso porque, quem o escolhe recebe parcialmente o valor acumulado na sua conta uma vez por ano, sempre no mês do seu nascimento. Mas, abre mão de receber todo o saldo depositado ao ser demitido sem justa causa. 

Ao longos dos anos a modalidade foi crescendo, e mais tarde passou a permitir que os trabalhadores antecipassem as parcelas do saque por meio de empréstimo. A antecipação garante de uma única vez o valor de até 12 parcelas que seriam pagas de forma anual, mas com taxa de juros e bloqueio do saldo

Segundo o balanço mais recente da Caixa Econômica Federal, divulgado em setembro de 2023, cerca de 32,7 milhões de pessoas aderiram ao saqueaniversário. A grande crítica do governo Lula é em relação a necessidade de ter que abrir mão do saque-rescisão. 

Governo Lula propõe o fim do saque-aniversário do FGTS

Em 2023, logo quando assumiu o Ministério do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho afirmou que não concorda com as regras que dão acesso ao saque-aniversário do FGTS. Para o ministro as condições tiram o real sentido do fundo de garantia, ao permitir que ele seja mexido todo ano. 

É que mesmo que sejam feitos novos depósitos todos os meses nas contas ativas, com o saque anual o valor total da conta vai diminuindo. Diante disso, o ministro sempre demonstrou que a medida não seria compensatória ou benéfica para os trabalhadores.

No entanto, o maior ponto de críticas de Marinho é ao fato do saque-aniversário bloquear o saldo na demissão sem justa causa. E caso o trabalhador se arrependa ter que esperar dois anos de carência após retornar ao saque-rescisão para só então receber a quantia. 

Diante disso, existe um projeto de lei que coloca fim nesta regra e estimula os trabalhadores a manterem suas contas do FGTS sempre na modalidade de saque-rescisão e não de saque-aniversário. 

Brasileiros concordam com o fim do saque-aniversário do FGTS?

A pesquisa Radar Febraban foi realizada durante o segundo bimestre de 2024, e foi feita pela própria Febraban (Federação Brasileira dos Bancos). O resultado mostra os dois lados dos impactos que o fim do saque-aniversário do FGTS trariam. 

Para entidades privadas, como os bancos, o fim dessa modalidade é visto como algo negativo. Isso porque, eles oferecem crédito usando o saque-aniversário como forma de pagamento. As associações afirmam que o governo deve propor uma novo tipo de empréstimo pelo FGTS mas de forma complementar, não substitutiva. 

O resultado da pesquisa também mostra que:

  • 88% dos entrevistados afirmam conhecer o saque-aniversário;
  • 45% disse concordar com o fim da modalidade;
  • 45% disse não concordar com o fim da modalidade;
  • 63% disseram que o saque-aniversário do FGTS é ótimo ou bom para o trabalhador brasileiro;
  • 27% dos entrevistado já fizeram uso da modalidade;
  • 11% não fizeram uso da modalidade, mas pretendem;
  • 25% afirmaram que não vão usar o saque-aniversário.

Segundo dados do Ministério do Trabalho, 66% dos trabalhadores que têm contas ativas no FGTS possuem saldo de até quatro salários mínimos, ou R$ 5.648,00. Quase metade deles está no saque-aniversário.

Até 2030, essa modalidade de saque vai consumir R$ 262 bilhões, valor que daria para financiar 1,3 milhão de moradias, uma das funções do FGTS. 

Lila CunhaLila Cunha
Formada em jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) desde 2018. Já atuou em jornal impresso. Trabalha com apuração de hard news desde 2019, cobrindo o universo econômico em escala nacional. Especialista na produção de matérias sobre direitos e benefícios sociais. Suas redes sociais são: @liilacunhaa, e-mail: lilacunha.fdr@gmail.com