- O Governo Federal estuda a aplicação do FGTS no financiamento de imóveis do Minha Casa Minha Vida;
- A mudança no formato de rendimento do FGTS pode aumentar os custos da Caixa, agente operador do Fundo e do Minha Casa Minha Vida;
- O julgamento da revisão do FGTS pode se tornar um impasse nos financiamentos do Minha Casa Minha Vida.
O Minha Casa Minha Vida (MCMV) foi relançado em março de 2023. As inscrições para o programa habitacional estão oficialmente abertas com a possibilidade de usar o saldo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para amortizar o valor do financiamento habitacional.
Contudo, o julgamento da revisão do FGTS com previsão de ser concluído nesta semana pode se tornar um impasse nos financiamentos do Minha Casa Minha Vida.
Isso porque, a proposta atual é vincular o fundo a algum índice de inflação, como o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), pois o modelo vigente impõe a correção dos rendimentos à Taxa Referencial (TR) mais 3%.
O que muitas pessoas ainda não se atentaram é que a mudança no formato de rendimento do FGTS pode aumentar os custos da Caixa Econômica Federal (CEF), agente operador do Fundo e do Minha Casa Minha Vida.
Alguns especialistas entendem que a poupança do trabalhador não entregará nada além do que o rendimento. Na prática, haverá mais repasses implicando diretamente no saldo de verba direcionada aos financiamentos.
“Se confirmada, deve elevar marginalmente o custo de financiamento do programa, embora não o suficiente para inviabilizar o programa. A indicação do STF é levemente negativa para o segmento de baixa renda, mas nem perto de catastrófica como poderia ter sido se o pedido inicial de incorporação retroativa da inflação ao FGTS fosse aceito”, avaliam os analistas do Bradesco BBI.
O Governo Federal estuda a aplicação do FGTS no financiamento de imóveis do Minha Casa Minha Vida. Segundo explicações do secretário, o intuito do Governo Federal é utilizar os recursos do fundo para promover melhorias na estrutura de capital das construtoras em meio à retomada do programa habitacional.
O presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Luiz França, apresentou ao Governo Federal, uma proposta que dispõe sobre a emissão de um Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) com fundos do FGTS, a uma taxa referencial (TR) + 7,5% ao ano.
A medida seria capaz de gerar R$ 20 bilhões para empresas do setor de construção, incluindo aquelas envolvidas no projeto do Minha Casa Minha Vida. A proposta é pauta de debate no Conselho Curador do FGTS.
Enquanto isso, o Governo Federal também estuda elevar o número de parcelas mediante o princípio de diluição do pagamento e expansão do subsídio obtido por meio do FGTS, destinado a beneficiários da Faixa 1.
Quem pode se inscrever no Minha Casa Minha Vida?
O programa Minha Casa, Minha Vida é direcionado para famílias com renda bruta familiar mensal de até R$ 8 mil em áreas urbanas ou renda bruta familiar anual de até R$ 96 mil em áreas rurais.
As famílias são divididas nas seguintes faixas de renda:
- Faixa Urbano 1: renda bruta familiar mensal até R$ 2.640;
- Faixa Urbano 2: renda bruta familiar mensal de R$ 2.640,01 a R$ 4,4 mil;
- Faixa Urbano 3: renda bruta familiar mensal de R$ 4.400,01 a R$ 8 mil.
Já no caso das famílias residentes em áreas rurais, as faixas são as seguintes:
- Faixa Rural 1: renda bruta familiar anual até R$ 31.680;
- Faixa Rural 2: renda bruta familiar anual de R$ 31.680,01 até R$ 52,8 mil;
- Faixa Rural 3: renda bruta familiar anual de R$ 52.800,01 até R$ 96 mil.
Nas novas regras determinadas pela Medida Provisória, o valor dessas faixas de renda não leva em conta benefícios temporários, assistenciais ou previdenciários, como o auxílio-doença, seguro-desemprego, Benefício de Prestação Continuada (BPC) e o Bolsa Família.
O governo também informou que 50% das unidades do programa serão reservadas para as famílias da Faixa 1. Além disso, o programa passará a incluir pessoas em situação de rua na lista de possíveis beneficiários.
As moradias do Minha Casa, Minha Vida terão seus contratos e registros feitos, preferencialmente, no nome da mulher – e eles podem ser firmados sem a autorização do marido.
Qual é o passo a passo para se inscrever no Minha Casa Minha Vida?
O pedido de inscrição para concorrer a um imóvel pelo Minha Casa, Minha Vida segue diferentes passos a depender da faixa de renda em que a família está inserida.
Para famílias da Faixa 1, o passo a passo é o seguinte:
- As famílias devem se inscrever no plano de moradias do governo e isso pode ser feito na prefeitura da cidade em que residem;
- Após a inscrição feita na prefeitura, os dados das famílias são validados pela Caixa e, aquelas que forem aprovadas, são comunicadas sobre a data do sorteio das moradias (leia mais sobre os critérios de validação abaixo);
- Os sorteios são feitos quando a cidade não possui um número de unidades habitacionais suficiente para atender a todas as famílias cadastradas no plano de moradias;
- Ao ser contemplada com uma unidade habitacional, a família será informada sobre a data e os detalhes necessários para a assinatura do contrato de compra e venda do imóvel;
- Após a aprovação e validação do cadastro, a família assina o contrato de financiamento.
Segundo a Caixa Econômica Federal, a validação dos dados das famílias inseridas na Faixa 1 passa por alguns critérios:
- A família precisa ter renda mensal bruta de até R$ 2.640;
- Nenhum integrante pode ser proprietário, cessionário ou promitente comprador de imóvel residencial;
- A família não pode ter recebido nenhum benefício de natureza habitacional do governo municipal, estadual ou federal;
- A família não pode ter recebido descontos habitacionais concedidos com recursos do FGTS;
- A família não pode ter recebido descontos destinados à aquisição de material de construção para fins de conclusão, ampliação, reforma ou melhoria de um imóvel;
- Para a inscrição da família no plano de moradias do governo na prefeitura, é necessário apresentar um documento oficial de identificação, mas outros documentos podem ser exigidos, como comprovantes de renda, por exemplo.
Para as famílias inseridas na Faixa 2 e na Faixa 3, o passo a passo para a inscrição para concorrer a um imóvel por meio do Minha Casa, Minha Vida é outro:
- A família deve ter renda bruta mensal de até R$ 8 mil;
- A contratação pode ser feita por meio de uma entidade organizadora participante do programa Minha Casa, Minha Vida ou individualmente e direto com a Caixa;
- A família precisa já ter um imóvel escolhido para, então, fazer uma simulação de financiamento habitacional por meio do site da Caixa – assim vai saber detalhes sobre prazos e condições e entender qual proposta se encaixa no orçamento familiar;
- Na simulação, é necessário informar o tipo de financiamento desejado, o valor aproximado do imóvel, a localização do imóvel, dados pessoais (como documento de identidade e telefone) e a renda bruta familiar mensal;
- Após o fornecimento desses dados, o site apresenta as opções de financiamento;
- Escolhida a opção, o simulador apresenta o resultado, com prazos, cota máxima do financiamento de entrada e valor do financiamento, além de oferecer uma ferramenta para a comparação de cenários de juros;
- Se a família aprovar o resultado apresentado na simulação, um representante deve ir até uma agência Caixa ou no correspondente Caixa Aqui, para entregar ao banco a documentação (leia mais abaixo);
- A Caixa analisa a documentação pessoal e do imóvel;
- Após a aprovação e validação, a família assina o contrato de financiamento.