Buscando negociar com as instituições financeiras uma redução da taxa de juros do cartão de crédito cobrada nas operações, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quer pensar possibilidades junto aos bancos.
Tendo como base que essa é a linha de crédito mais cara no mercado financeiro, foi articulado um encontro com o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e de quatros bancos para tratar dos juros do cartão de crédito.
“O desenho (do crédito do cartão rotativo) está prejudicando muito a população de baixa renda. Uma boa parte do pessoal que está no Serasa hoje é por conta do cartão de crédito. Não só, mas é também por cartão de crédito. E as pessoas não conseguem sair do rotativo. É preciso encontrar um caminho negociado como fizemos com a redução do consignado dos aposentados”, disse o ministro.
Segundo os últimos dados do BC, referentes a fevereiro, a taxa de juros do rotativo ficou de 417,35% ao ano, sendo a maior taxa desde agosto de 2017. A linha é a mais cara do sistema financeiro, batendo inclusive a do cheque especial, de 137,41% ao ano.
Próximos passos
De acordo com Haddad, a discussão não é simples porque a indústria de cartões de crédito tem muitos atores envolvidos: “São muitos interlocutores: bandeira, maquininha, bancos e lojistas”.
Os bancos entregarão um cronograma de estudos ao governo e ao Banco Central (BC) sobre as causas dos juros altos no rotativo do cartão de crédito.
Segundo Isaac Sidney, presidente da Febraban, a entidade está disposta a construir, com o governo federal e o Banco Central, soluções para diminuir os juros no rotativo do cartão de crédito. Ele disse que um grupo de trabalho será constituído, sem prazo para a conclusão da solicitação.
“É importante que a gente ataque não só as causas das taxas, mas compreenda as causas do custo de crédito elevado. Não é o momento para apontar caminhos ou discutir propostas. Os caminhos precisam ser discutidos após um diagnóstico correto”, declarou.
Haddad já tinha afirmado que o governo pretende soltar, em breve, 14 medidas para estimular o mercado de crédito no Brasil. Com a previsão de que o grupo de trabalho só comece as atividades nos próximos dias, uma medida para o rotativo do cartão de crédito deve ficar para depois.