Cenário preocupante? Ações da Magalu oscilam após denúncia de irregularidade

Pontos-chave
  • Magalu e Via fizeram fatos relevantes que causaram ruídos para suas ações na sexta
  • Fato relevante da Magalu foi sobre uma denuncia anônima que alegava desvios de conduta em práticas comerciais

Na última semana, o Magalu e a Via revelaram seus resultados do quarto trimestre do ano passado, que mostraram bons resultados, com uma grande geração de caixa por conta da sazonalidade do negócio, o que ajudou a diminuir suas alavancagens financeiras. No entanto, ambas empresas fizeram fatos relevantes que causaram ruídos para suas ações na sexta, 10.

Os analistas já esperavam por isso antes da abertura do mercado na sexta. As ações do Magalu atingiram uma queda de 11,50%, indo para R$ 3, mas encerraram as perdas no começo da tarde, ao passo que a  VIIA3 encolheu 13,40% e fechou o dia em baixa. Na sexta, MGLU3 fechou em alta de 0,29%, a R$ 3,40, enquanto VIIA3 chegou ao fim do pregão em queda de 6,19%, a R$ 1,82.

O fato relevante da Magalu foi sobre uma denuncia anônima que alegava desvios de conduta em práticas comerciais, que envolviam especificadamente os bônus relativos a compras de fornecedores, o que a companhia irá apurar a partir de agora. A denúncia cita três distribuidores, que no decorrer do exercício do último ano responderam por cerca de 3,5% do valor total de compra de mercadorias da companhia, destacou o comunicado.

“Dessa forma, acreditamos que há espaço para uma reação negativa das ações no pregão, apesar dos resultados positivos do 4T22”, disse o Credit Suisse em sua análise na última sexta, de acordo com o InfoMoney.

Na visão da XP, a divulgação do fato relevante também poderia ofuscar os bons resultados da empresa, causando receio com relação às políticas comerciais da companhia. 

Para o Itaú BBA, a visão é a mesma, com os investidores podendo focar nestas notícias negativas.

Já para a Genial, o Magalu reportou uma importante recuperação sequencial nesse trimestre, o que afastou o risco de liquidez que contaminou o varejo nos últimos meses, no entanto a denúncia anônima poderia  trazer ruído para os papéis.

Foi exatamente isso que aconteceu durante grande parte da manhã da última sexta, com a baixa sendo impulsionada ainda por um dado de inflação medido pelo IPCA acima do projetado em fevereiro, o que pressiona as empresas de consumo. Porém, os papéis amenizaram as perdas no decorrer do dia.

O CEO do Magalu, Frederico Trajano, afirmou através de uma teleconferência  que “uma denúncia anônima ainda não investigada não deveria tirar o brilho do resultado apresentado no quarto trimestre. Fizemos um trabalho árduo e tem indicadores claros e concretos de que a empresa fez um bom trabalho no período”, disse ele, segundo o InfoMoney.

Para a Via, os analistas ressaltam que a melhor geração de caixa merece destaque, sendo positiva em R$ 792 milhões, em decorrência da melhor dinâmica de estoques e fornecedores, ainda que existam mais controvérsias sobre o balanço em comparação ao do Magalu, que para grande parte dos analistas foi muito bom.

No entanto, a empresa comunicou, juntamente com os resultados, que Helisson Lemos, VP de Inovação Digital, renunciou ao cargo. “Enxergamos o anúncio como negativo, uma vez que Helisson era um executivo chave para o desenvolvimento do marketplace da Via, o que pode ofuscar os resultados”, disse a XP, segundo o InfoMoney.

Seguindo o mesmo pensamento, a Genial destaca que o Helisson estava na casa desde 2019 e que foi fundamental para o desenvolvimento do 3P da empresa. Desta forma, como definiu a casa, “entraram dois elefantes na sala”, que impactaram as ações na sessão.

O CEO da Via, Roberto Fulcherberguer afirmou em teleconferência que a saída de Lemos é “o amadurecimento de um ciclo”. “Ele cumpriu sua função”, disse.

Sobre os resultados obtidos pelas empresas, o Credit Suisse ressaltou que o Magalu teve vendas totais recorde de R$ 18 bilhões (+15,5% na base anual), estimuladas pelo comércio online (+15,9%) e lojas físicas (+14,7%).

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Paulo AmorimPaulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.
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