Após a divulgação do rombo de mais de R$40 bilhões, a Americanas segue no foco. Desta vez, mais um grande banco entrou na Justiça contra a varejista. Saiba qual é esse banco e o motivo dessa atitude.
Da mesma forma que o Bradesco fez na semana passada, o banco Safra ingressou com uma ação na Justiça contra a Americanas, solicitando que seja reiterado o pagamento de qualquer credor sujeito à recuperação judicial antes que o plano seja aceito. A empresa obteve recentemente a autorização para pagar de maneira antecipada cerca de 1,3 mil credores trabalhistas e pequenas e médias empresas.
Na petição do Safra, feita na última quinta, 23, o banco afirmou que não se opõe aos direitos dos trabalhadores e quer somente que o processo legal determinando pela Lei 11.101/2005 seja obedecido. “É um falso dilema supor que os direitos trabalhistas só poderão ser observados se o procedimento recuperacional for violado. Ambas as coisas podem e devem ser satisfeitas ao mesmo tempo”, disse o banco, de acordo com o Valor Econômico.
De acordo com o Safra, “os credores trabalhistas não precisam que o procedimento legal seja violado, pois a lei já lhes confere justa prioridade no recebimento de seus créditos”.
O banco diz ainda que, entre os credores listados pela varejista na Classe I (trabalhista), estão vários escritórios de advocacia, titulares de valores milionários, “em relação aos quais não há o ‘interesse social’ alardeado na proposta” da Americanas de pagamento antecipado.
No ponto de vista do Safra, é provável que a solicitação de pagamento antecipado realizado pela Americanas “tem objetivos bem outros, como, por exemplo, os seguintes: blindar o patrimônio dos controladores das recuperandas contra o risco de serem diretamente atingidos em âmbito trabalhista, mediante desconsideração da personalidade jurídica; desequilibrar o quórum de instalação e de aprovação da Assembleia Geral de Credores, eliminando duas classes de credores já de antemão”, de acordo com o Valor Econômico.
De acordo com uma fonte ligada ao Safra, o banco é a favor do pagamento aos trabalhadores e demais credores e considera que eles foram vítimas de um “esquema fraudulento” na Americanas. No entanto, esta fonte ouvida pelo Valor diz que a instituição financeira “é contra a tentativa de manipulação do processo judicial”.