Quem é o culpado pelo caso Americanas? Especialista aponta quem não deve carregar esta culpa

O caso Americanas se transformou em um dos maiores casos de rombo contábil envolvendo uma grande empresa brasileira. Após a varejista anunciar que encontrou inconsistências contábeis no valor de R$ 20 bilhões, todos estão em buscas dos grandes culpados. Porém, mostraremos aqui que NÃO pode levar a culpa nesta história.

Passados alguns dias da “descoberta” do rombo, a empresa informou que sua dívida era, na verdade, de cerca de R$ 43 bilhões e que possui 16.300 credores, fato esse que a fez entrar com um processo de recuperação judicial.

Até agora, tenta-se encontrar um motivo pelo qual essas inconsistências tenham ocorrido. Desvio de verbas, má administração de dívidas ou a falha humana podem ser explicações.

Metas ambiciosas: culpadas ou inocentes?

Um dos motivos levantados que mais me chamou a atenção foi a de atribuir o problema à implementação por parte da empresa de metas muito ambiciosas.

Conforme explica Pedro Signorelli, um dos maiores especialistas do Brasil em gestão, com ênfase em OKR, nas metas ambiciosas, o plano para alcançá-las deveria conter os detalhamentos para isso: o que fazer, como fazer, quem envolver, como mobilizar os recursos necessários, como contornar possíveis problemas, como alterar a rota diante de problemas externos.

“Se  você define a meta como vender para os seus colaboradores, a única coisa que buscarão fazer é vender, independente da forma. Por isso, acredito que grandes corporações como a Americanas, não criam metas apenas por criá-las. Certamente determinam um objetivo e traçam um roteiro”, afirma Signorelli, que já movimentou com seus projetos mais de R$ 2 bi.

O especiliasta comenta que um caso de aplicação muito comum é a gestão por OKRs (Objetivos e Resultados Chaves), que, dentre suas premissas traz uma clara recomendação de que não seja usada apenas uma única métrica como indicador de sucesso, mas sim pelo menos duas.

“Falando de maneira ampla, além da meta objetiva, o resultado de negócio, que deve se criar junto uma meta mais qualitativa e subjetiva. Juntas, estas metas se contrabalanceiam. E, além dessas duas metas, incluo outro ingrediente fundamental: a ambição”, comenta Signorelli, que é responsável pelo case da Nextel, maior e mais rápida implementação da ferramenta nas América.

Quando se definem metas em uma empresa, mesmo que sejam ambiciosas, é importante que todos os que fazem parte do processo para que ela seja concluída, estejam, se possível,  no momento da elaboração e, principalmente, saibam a razão de cada processo, para que não seja a meta pela meta.

No caso das Americanas, podemos apontar que o sistema de metas pode estar falho, ou no mínimo a execução do seu processo, mas não que isso seja o fator pelo qual levou a este problema“, explica o especialista.

Dessa forma, Signorelli comenta que ainda é cedo para encontrar um culpado único, mas sim, uma somatória de erros. Jogar a responsabilidade única e exclusivamente na definição de metas ambiciosas, desvia o foco da conversa que está na atitude das pessoas envolvidas neste processo.

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Victor Barboza
Meu nome é Victor Lavagnini Barboza, sou especialista em finanças e editor-chefe do FDR, responsável pelas áreas de finanças, investimentos, carreiras e negócios. Sou graduado em Gestão Financeira pela Estácio e possuo especializações em Gestão de Negócios pela USP/ESALQ, Investimentos pela UNIBTA e Ciências Comportamentais pela Unisinos. Atuo no mundo financeiro desde 2012, com passagens em empresas como Motriz, Tendere, Strategy Manager e Campinas Tech. Também possuo trabalho acadêmicos nas áreas de gestão e finanças pela Unicamp e pela USP. Ministro aulas, cursos e palestras e já produzi conteúdos para diversos canais, nas temáticas de finanças pessoais, investimentos, educação financeira, fintechs, negócios, empreendedorismo, psicologia econômica e franquias. Sou fundador da GFCriativa e co-fundador da Fincatch.