O dólar avançou bastante frente ao real na última segunda-feira (6). No meio do pregão, a moeda americana já estava sendo cotada a R$ 5,17, uma alta de 0,59%. Já o índice Ibovespa tinha queda de 0,78%, chegando ao patamar de 107 mil pontos.
O movimento de aumento do dólar tem relação com a apreensão internacional à provável manutenção de uma postura para políticas monetárias mais rígidas por parte do Federal Reserve, o banco central americano.
No Brasil, contudo, os investidores vêm revelando preocupações com a intenção do governo Lula em ampliar a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até dois salários mínimos. Dessa forma, o valor corresponderia atualmente a R$ 2.604, podendo subir em maio´para R$ 2.640.
Portanto, como a medida representaria uma renúncia de receita muito maior, não vem sendo bem aceita em um momento em que a equipe econômica busca reduzir o déficit do governo brasileiro esperado para 2023 e sinalizar disciplina na utilização dos gastos públicos.
“Tem uma preocupação efetivamente sobre como o governo vai lidar com essa isenção do IR. Não se tem ainda ideia de onde vai sair esse dinheiro, até porque vai ter que ter uma contrapartida para conseguir aprovar isso conforme a lei de responsabilidade fiscal e jogar isso em cima do orçamento”, explicou o economista Fabrizio Velloni.
Conflitos entre Lula e o BC podem elevar o valor do dólar
Dessa forma, os investidores também têm se mostrado desconfortáveis com a aparente tensão entre os economistas do governo Lula e o Banco Central. Nos últimos dias, o presidente e membros de sua administração têm criticado a taxa de juros elevada e a independência da autarquia.
O Banco Central manteve a Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira, em 13,75% na semana passada e alertou em seu comunicado de política monetária para os riscos da irresponsabilidade fiscal.
Na sexta-feira (3), a moeda norte-americana subiu 1,98%, a R$ 5,14 na venda, maior valorização percentual diária desde 10 de novembro passado (+4,10%) e a cotação de encerramento mais alta desde 23 de janeiro (5,1993).
Segundo o BC, o avanço estimado para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), marcador que mede a inflação acumulada, subiu de 5,74% para 5,78% e a projeção de alta do PIB (Produto Interno Bruto) caiu de 0,8% para 0,79%.